Sábado da 32ª Semana do Tempo Comum
Memória Facultativa
Santa Maria no sábado ou Santa Margarida da Escócia ou Santa Gertrudes, Virgem
Antífona de entrada
Vernáculo:
Chegue à vossa presença, Senhor, a minha oração; inclinai vosso ouvido à minha prece. (Cf. MR: Sl 87, 3) Sl. A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo o dia, e de noite se eleva até vós meu gemido. (Cf. LH: Sl 87, 2)
Coleta
Deus de poder e misericórdia, dignai-vos afastar de nós toda adversidade, para que, sem impedimento do corpo e do espírito, nos dediquemos com plena disposição ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — 3Jo 1, 5-8
Leitura da Terceira Carta de São João
5Caríssimo Gaio, é muito leal o teu proceder, agindo assim com teus irmãos, ainda que estrangeiros. 6Eles deram testemunho da tua caridade diante da Igreja. Farás bem em provê-los para a viagem de um modo digno de Deus. 7Pois, por amor do Nome, eles empreenderam a viagem, sem aceitar nada da parte dos pagãos. 8A nós, portanto, cabe acolhê-los, para sermos cooperadores da Verdade.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 111(112), 1-2. 3-4. 5-6 (R. 1)
℟. Feliz aquele que respeita o Senhor!
— Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos! ℟.
— Haverá glória e riqueza em sua casa, e permanece para sempre o bem que fez. Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. ℟.
— Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente! ℟.
℣. Pelo Evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. (Cf. 2Ts 2, 14) ℟.
Evangelho — Lc 18, 1-8
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: 2“Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’ 4Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. 5Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!’” 6E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. 7E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Gressus meos dírige Dómine secúndum elóquium tuum: ut non dominétur omnis iniustítia, Dómine. (Ps. 118, 133)
Vernáculo:
Conforme a vossa lei firmai meus passos, para que não domine em mim a iniquidade! (Cf. LH: Sl 118, 133)
Sobre as Oferendas
Senhor, olhai com benevolência para o sacrifício que apresentamos, a fim de que participemos com amor do mistério da paixão do vosso Filho. Que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Antífona da Comunhão
Ou:
Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus na fração do pão. (Cf. Lc 24, 35)
Vernáculo:
O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha. (Cf. MR: Sl 22, 1-2)
Depois da Comunhão
Fortalecidos por este alimento sagrado nós vos damos graças, Senhor, e imploramos vossa clemência para que, pelo dom do Espírito Santo, perdure a graça da santidade naqueles que receberam a força do alto. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 16/11/2024
As condições da oração infalível
“Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”.
1. A oração infalível. — No Evangelho de hoje, Jesus nos conta uma parábola sobre a necessidade de orar sem cessar nem desfalecer. A parábola, no entanto, deve ser bem interpretada para ser bem entendida. Jesus nos fala de uma pobre viúva que insiste, uma duas, três vezes, até receber o que pede a um juiz iníquo. É um exemplo claro de perseverança, mas que não deve ser tomado literalmente quanto aos dois lados do processo. Sim, nós precisamos ter a atitude da viúva pobre e humilde, com a diferença de que Deus não é um juiz iníquo. É neste ponto que as pessoas, em geral, se enganam ao ler esta parábola. Por causa do pecado original, muitos concebem a Deus como um rival, um inimigo, alguém cuja vontade se deveria dobrar, até ser convencido a nos ouvir e, quem sabe, nos amar. Não, não é nada disso! Para entender profundamente esta parábola, há que entender antes o que é a oração que Jesus está ensinando. Jesus se refere à necessidade de perseverar naquela oração que é a chamada “oração infalível”.
2. Suas características. — Ora, quais são as características da oração infalível? Uma oração infalível, isto é, que há de alcançar o que estamos pedindo, tem de revestir-se das seguintes características. Primeiro, deve-se pedir algo necessário à própria salvação. Se o que você está pedindo é ganhar na loteria, mas isso não for necessário à sua salvação, esta oração não será infalível. Se, porém, você estiver pedindo fé, essa oração, sim, será infalível. Por quê? Porque a fé é, em si mesma, necessária à salvação de todos. Se você não tem fé, mas a pede, ou tem pouca, e pede mais, Deus está ouvindo a sua oração. Há mais, porém. Para que a oração seja infalível, requer-se além disso pedir humildemente e com confiança. E por quê? Porque o pedido arrogante é o de quem se põe diante de Deus com “seus direitos”. Ora, Deus é Pai de bondade, e é aqui que Ele se distingue e diferencia do juiz iníquo da parábola. Se devemos, pois, imitar a atitude de humildade da viúva, é porque a nossa atitude diante de de Deus deve ser a de um filho confiante, que sabe que o Pai o irá atender. O terceiro e último requisito é a perseverança, que é ponto central que Jesus nos está tentando ensinar hoje. Por quê? Porque se Deus, por um lado, quer dar tudo o que for necessário à nossa salvação, quer também, por outro, que nós mesmos queiramos recebê-lo, e é somente a perseverança que pode gerar em nós a abertura para recebermos os dons que Ele já nos quer conceder. Deus está disposto a nos dar tudo isso, mas está em nossas mãos alargar o peito e o coração pela perseverança.
3. Como estamos rezando? — Queremos mais fé, mais esperança, mais caridade, mais santidade, a glória do céu, mas não queremos de verdade, porque nos cansamos de pedir. Somos como um reino dividido. E como superar essa divisão interior senão perseverando, perseverando, perseverando? Eis a oração infalível e suas condições: pedir a Deus o necessário à salvação, pedi-lo com humildade, confiança e perseverança — “rezar sempre, e nunca desistir”. Façamos ainda um exame de consciência sobre a nossa vida de oração? Que temos pedido a Deus? Coisas passageiras, caprichos, bobagens, ou a salvação? Estamos fazendo a oração que o Senhor nos ensinou no pai-nosso: “Venha a nós o vosso reino” e, portanto, a nossa salvação? Rezemos bem, para podermos um dia celebrar no céu, à mesa do justo Juiz, o fruto da nossa perseverança.
Deus abençoe você!
A verdadeira oração é uma arma infalível, pela qual conseguimos tudo o que pedimos. Mas não foi qualquer oração que o Senhor se comprometeu a atender. Para tornar infalível a oração, é preciso rezar direito, o que significa pedir o necessário à própria salvação, e não meros caprichos ou bens aparentes; pedir com humildade e confiança, pois nos dirigimos ao Pai, e não a um lojista; e com perseverança, porque Deus não poderá dar o que quer se nós não mostrarmos que também o queremos, como e quando Ele quiser.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este sábado, 16 de novembro, e compreenda melhor em que consiste uma oração infalível.
Santo do dia 16/11/2024
Santa Margarida da Escócia (Memória Facultativa)
Local: Edmburgo, Escócia
Data: 16 de † 1093
A rainha Margarida da Escócia nasceu na Hungria em 1046. Para serem postos a salvo de tramas de assassinato, seu pai Eduardo, com outro irmão menor, foi enviado da Inglaterra para a Hungria, sendo educado naquela corte. Eduardo lá se casou. Deste casamento nasceu Margarida, educada também na corte húngara. Serenada um pouco a situação política da Inglaterra, Eduardo com a família voltou para lá para ocupar o trono, mas o normando Guilherme, o Conquistador dele se apoderou. Após a morte de Eduardo, a viúva com seus filhos achou refúgio na corte do rei Malcolm III da Escócia. Margarida acabou se casando com o rei, tornando-se então rainha da Escócia.
A nova rainha foi uma verdadeira bênção para o marido e para o reino, pois o esposo, homem rude, embora de bons sentimentos, recebeu um benéfico influxo da convivência com a rainha, de tal modo que se transformou num dos mais amáveis, piedosos e virtuosos reis da Escócia. Promoveu enquanto pôde o bem da Igreja, edificou vários mosteiros e igrejas e distinguiu-se por grande caridade para com todos. Aos súditos, além do bom exemplo de uma vida dedicada totalmente à família, à oração e aos pobres, Margarida esforçou-se para extirpar da vida social abusos, escândalos, superstições. Deu grande apoio à formação dos sacerdotes e à reforma dos costumes.
Esposa e mãe exemplar, a memória de sua santidade ficou associada sobretudo à prática da caridade. Alimentava e servia com suas próprias mãos diariamente mais de cem pobres. Em caso de necessidade, não duvidava em vender suas joias para socorrer os necessitados.
Seus últimos dias de vida foram entristecidos pela desgraça da morte de seu marido e de seu filho no assalto ao castelo de Alnwick. Ao receber a triste notícia, elevou os olhos ao alto dizendo: "Agradeço, ó Deus, por que me dás a paciência para suportar tantas desgraças!"
Faleceu em Edimburgo no dia 16 de novembro de 1093, com 48 anos de idade. Foi canonizada em 1250, e declarada padroeira da Escócia em 1673.
O admirável em Santa Margarida da Escócia foi ter-se santificado como esposa, como mãe e como rainha. Foi uma santa que favoreceu a vida religiosa, a cultura e a educação em seu país. A Oração coleta lembra particularmente sua grande dedicação aos pobres: Ó Deus, que tornastes Santa Margarida da Escócia admirável por sua imensa caridade para com os pobres, dai-nos ser, por sua intercessão e exemplo, um reflexo da vossa bondade.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Margarida da Escócia, rogai por nós!
Santa Gertrudes (Memória Facultativa)
Local: Helfta, Alemanha
Data: 16 de † c. 1302
Santa Gertrudes é uma grande mística medieval alemã. Quase nada se sabe sobre sua vida no dia a dia, além daquilo que ela mesma deixou escrito, considerando ainda que ela não pretendia apresentar dados autobiográficos, mas apenas suas experiências religiosas e místicas.
Nascida em 1256, com 5 anos Gertrudes foi entregue pelos pais ao convento de Helfta em Eisleben, na Turíngia ou Saxônia, para ser educada. Nada se sabe sobre os pais. Ela foi educada no mosteiro onde brotou em sua alma a vocação claustral, ali permanecendo até à morte. Neste mosteiro de monjas, que seguia a regra beneditina com o acréscimo de alguns usos cistercienses, ela foi educada em todas as artes do tempo, ou seja, nas letras clássicas, canto, bordado e miniatura.
Aos 26 anos foi introduzida na vida contemplativa e mística, atraída pela espiritualidade litúrgica da regra beneditina e pela espiritualidade de São Bernardo. Entregou-se totalmente à leitura da Bíblia e dos Padres da Igreja, especialmente Santo Agostinho, São Gregório e São Bernardo, Mulher de vasta cultura, não só filosófica, mas também profana, alimentou sua vida espiritual na Liturgia, especialmente na Liturgia eucarística, na Escritura e nos Padres. Seus próprios escritos revelam com toda a clareza a influência tanto da Liturgia da Igreja como das suas leituras particulares. O conteúdo de suas visões e revelações era o conhecimento do amor de Cristo em relação aos homens. Sua espiritualidade era cristocêntrica. O amor à humanidade de Cristo levou-a a descobrir a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, sendo precursora do culto ao Coração de Jesus. Santa Gertrudes, chamada "a Grande", por causa das revelações que o Senhor lhe fez de seu Coração, antecipou-se, aos grandes Apóstolos da devoção ao Coração de Jesus, como São João Eudes e Santa Margarida Maria Alacoque.
Ela própria recolheu suas revelações num livro com o título Mensageiro do Divino Amor, que faz de Santa Gertrudes uma das maiores místicas ao lado de Santa Teresa d Ávila e de São João da Cruz. Faleceu, como num êxtase de amor, no dia 17 de novembro de 1301 ou 1302. Sem canonização formal foi inscrita no rol dos santos em 1678 e no Calendário romano em 1738. Ela é muito venerada pelos beneditinos e pelos cistercienses, sendo o mosteiro de Helfta reivindicado por ambas estas Ordens religiosas.
A Oração coleta contempla nela a morada de Deus a que todo cristão é chamado, expressando as experiências místicas da santa: Ó Deus, que preparastes para vós uma agradável morada no coração da virgem Santa Gertrudes, iluminai, por suas preces, as trevas do nosso coração, para que experimentemos em nós a alegria da vossa presença e a força da vossa graça.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Gertrudes, rogai por nós!