4º Domingo da Páscoa
Antífona de entrada
Vernáculo:
A terra está repleta da misericórdia do Senhor; por sua palavra os céus foram firmados, aleluia. (Cf. MR: Sl 32, 5-6) Sl. Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Aos retos fica bem glorificá-lo. (Cf. LH: Sl 32, 1)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que a fragilidade do rebanho chegue onde a precedeu a fortaleza do pastor, Jesus Cristo.Ele, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — At 13, 14. 43-52
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo e Barnabé 14partindo de Perge, chegaram a Antioquia da Pisídia. E, entrando na sinagoga em dia de sábado, sentaram-se. 43Muitos judeus e pessoas piedosas convertidas ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Conversando com eles, os dois insistiam para que continuassem fiéis à graça de Deus.
44No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra de Deus. 45Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram cheios de inveja e, com blasfêmias, opunham-se ao que Paulo dizia. 46Então, com muita coragem, Paulo e Barnabé declararam: “Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais indignos da vida eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos. 47Porque esta é a ordem que o Senhor nos deu: ‘Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra’”.
48Os pagãos ficaram muito contentes, quando ouviram isso, e glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé. 49Desse modo, a palavra do Senhor espalhava-se por toda a região.
50Mas os judeus instigaram as mulheres ricas e religiosas, assim como os homens influentes da cidade, provocaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e expulsaram-nos do seu território. 51Então os apóstolos sacudiram contra eles a poeira dos pés, e foram para a cidade de Icônio. 52Os discípulos, porém, ficaram cheios de alegria e do Espírito Santo.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 99(100), 2. 3. 5 (R. 3ac)
℟. Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, nós somos seu povo e seu rebanho.
— Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos! ℟.
— Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, Ele mesmo nos fez, e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho. ℟.
— Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente! ℟.
Segunda Leitura — Ap 7, 9. 14b-17
Leitura do Livro do Apocalipse de São João
Eu, João, 9vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão.
14bEntão um dos anciãos me disse: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro. 15Por isso, estão diante do trono de Deus e lhe prestam culto, dia e noite, no seu templo. E aquele que está sentado no trono os abrigará na sua tenda.
16Nunca mais terão fome, nem sede. Nem os molestará o sol, nem algum calor ardente. 17Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Eu sou o bom pastor, diz o Senhor; eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem a mim. (Jo 10, 14) ℟.
Evangelho — Jo 10, 27-30
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo João
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 27“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão.
29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Deus, Deus meus, ad te de luce vígilo: et in nómine tuo levábo manus meas, allelúia. (Ps. 62, 2. 5)
Vernáculo:
Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! Quero, pois, vos louvar pela vida, e elevar para vós minhas mãos, aleluia! (Cf. LH: Sl 62, 2. 5)
Sobre as Oferendas
Concedei, Senhor, que exultemos sem cessar por estes mistérios pascais, para que a contínua obra de nossa redenção seja causa de eterna alegria. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, diz o Senhor. (Cf. MR: Jo 10, 14)
Depois da Comunhão
Ó bom Pastor, velai com benevolência, pelo vosso rebanho, e dignai-vos conduzir aos prados eternos as ovelhas que remistes com o precioso sangue do vosso Filho. Que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Homilia do dia 11/05/2025
Jesus, o Bom Pastor
“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão.” (Jo 10, 27-28)
Este quarto Domingo da Páscoa é conhecido como Domingo do Bom Pastor, pois nele se lê um trecho do capítulo 10 de São João, onde Jesus se revela como o Bom Pastor. A antífona de comunhão que o Missal Romano traz: “Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas ovelhas e quis morrer pelo rebanho!”.
Ao ouvir este evangelho pode nos vir a mente Jesus carregando uma ovelha sobre seus ombros, curando as suas feridas e levando-a com alegria ao redil. Como fruto dessa meditação podemos pedir ao Espírito Santo conhecimento interno de Cristo Bom Pastor, que por mim deu a sua vida e ressuscitou para que mais o ame e o siga.
A vida pastoril, ou seja, daquele que se dedica ao pastoreio, ocupa um lugar importantíssimo na vida do Povo do Israel. O pastor tinha verdadeiro senhorio sobre seu rebanho. Na linguagem dos profetas, o termo “pastor” designa o próprio Deus, que “apascentará seu rebanho” (Is 40,11), ao qual “nada lhe faltará” (Sl 22). Por isso, a condição de Jesus como pastor das ovelhas, afirma que Ele é Deus.
Neste evangelho Jesus contrapõe as atitudes do bom, belo e verdadeiro pastor à atitude do mercenário, que não é pastor, mas quer se aproveitar das ovelhas. Dessa forma, Cristo nos revela como ele mesmo cuida de cada um de nós: “o bom pastor dá a vida por suas ovelhas”. Vejamos algumas diferenças.
1. Diferencias entre o Bom Pastor e o ladrão e salteador
Ao começo do capítulo, Jesus nos dá a chave para reconhecer ao Bom Pastor: “entra pela porta ao redil das ovelhas. O ladrão, não entra pela porta”, entra violentamente, sem respeitar a natureza e condição das ovelhas.
a) “Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas”. O Bom Pastor entra pela porta; entra e sai da alma quando quer, pois é o seu dono. O único Pastor é Cristo.
b) “Quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador”. O ladrão não descansa na espreita, fica escondido, e logo ao primeiro descuido do pastor, lhe rouba as ovelhas. Vive também na montanha, mas é como uma ave de rapina; não ama às ovelhas, mas sim o que elas o podem dar; grita-lhes e insulta-lhes, e tenta confundi-las com sua voz; as ameaça e aterroriza, porque elas não querem segui-lo, foge quando vê o lobo, e aguarda a noite para roubar o redil. Afirma o Senhor: “O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10).
2. Diferenças entre o Bom Pastor e o Mercenário
a) O Bom Pastor se Sacrifica pelas ovelhas
“Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá sua vida por suas ovelhas”. No sentido rigoroso, quer dizer é capaz de entregar-se e morrer pelas ovelhas, como, por ex. São Maximiliano Kolbe, que se ofereceu à morte no campo de concentração no lugar de um judeu, pai de família; ou como o Santo Padre, São João Paulo II, que muitas vezes arriscou sua vida na condução do rebanho da Igreja; ou como tantos outros que morrem contagiados por alguma grave enfermidade ao praticar a caridade com os doentes.
Da mesma forma dá sua vida aquele Bispo ou padre, que se gasta e se desgasta por suas ovelhas. Aquele que sabe morrer a si mesmo, dando seu tempo e suas forças.
O bom pastor é aquele que não se incomoda pela presença das ovelhas, não cumpre horário desejando ir embora, mas sim fala com elas, as anima; gosta de apascentá-las com a boa doutrina de Cristo, acompanhá-las dando-lhes direção, coisa que faz parte de seu ofício de reger, ensinar e santificar as almas.
O bom pastor luta contra seus defeitos para melhor servir as ovelhas: vencem a indisposição, a timidez, a antipatia e a vergonha.
O bom pastor se vence a si mesmo, conversa para atrair às ovelhas: “faz-se tudo com todos”.
O bom pastor tem iniciativa. As ovelhas estão com ele, porque ele passa seu tempo com elas, que sentem familiaridade com ele e lhes abre o coração. O bom Pastor vai sempre a frente, inspirando-lhes paz e segurança.
O bom pastor tem espírito de sacrifício: prepara o apostolado, toma tempo para pensar as coisas, faz penitência pelas almas.
O bom pastor sabe que não se pertence, que vive para outros, sabe que, como Cristo, deve ser alimento.
Pelo contrário, o mercenário foge quando vê o lobo, não lhe importa a matança das ovelhas porque é empregado e não dono zeloso. As ovelhas não são suas. Quer se aproveitar de sua carne e de sua lã. São Paulo dizia: “Não procuro o que é vosso, mas sim a vós”, mostrando seu desinteresse no pastoreio das ovelhas. O mau pastor, porém, procura os bens das ovelhas. E isto dizia Jesus diante dos fariseus e escribas, que eram maus pastores.
b) O Bom Pastor conhece seu rebanho
“Eu sou o Bom Pastor e conheço minhas ovelhas”. Conhece-nos pelo nome e sobrenome desde toda a eternidade. Chama-nos por nosso nome. Não nos conhece superficialmente, lembra-se de cada um de nós como se fôssemos o único. Conhece-nos perfeitamente, cada cabelo, nossas impressões digitais, cada uma de nossas células, e cada um de nossos pensamentos; conhece-nos com todas nossas falências, talentos e possibilidades. Ama-nos com um amor singular, concreto, pessoal.
Nós pastores não devemos ser cegos. Devemos conhecer pessoalmente a cada ovelha, as manhas de cada uma, os pastos que mais lhes convêm, não se deve tratar a todos da mesma maneira. Há almas sensíveis, almas finas, almas escrupulosas, almas endurecidas pelo pecado. Sobretudo devemos conhecer as enfermidades que oprimem a cada uma, os perigos, para saber guiá-las. Conhecer os tempos de cada uma. Às vezes queremos impor nossos moldes e não os caminhos do Espírito Santo. Queremos que todas as almas vão pelo mesmo caminho. Com isto mostramos que não conhecemos as ovelhas.
Não só o Bom Pastor conhece suas ovelhas, mas também as ovelhas conhecem a voz do Bom Pastor, sabem identificá-lo. Por isso quando não falamos de Cristo, quando pregamos outra coisa, as ovelhas não nos seguem, porque não ouvem em nós a voz do Bom Pastor. Elas sintonizam com o Espírito Santo, têm como um sentido religioso que lhes permite distinguir o bom do mau pastor. Quando os padres pregam o Evangelho as pessoas reconhecem nele a voz de Cristo. Mas se não pregam a Cristo, as ovelhas não escutarão nossa voz. Nem começa o sermão já se desconectam. A única Porta, para entrar nas almas é Jesus Cristo.
Pelo contrário o mercenário, o mau pastor, é filho da mentira, pretende enganar as ovelhas, mas as ovelhas não lhe conhecem. É um estranho para elas.
3. O Bom Pastor trabalha para aumentar o rebanho
“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”. Não devemos, pois, trabalhar para uma elite, para um grupo fechado de ovelhas, mas sim tratar de que aumente o rebanho de Cristo; que outras ovelhas conheçam sua voz e o sigam. Na Igreja esta é a tarefa do ecumenismo.
Cristo é o Bom Pastor, porque soube dar a vida por suas ovelhas, e dá-la voluntariamente: “Ninguém tira a minha vida, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai”.
Por que dá Cristo sua vida por suas ovelhas? Porque é a ordem que lhe deu o Pai, por obediência a Ele.
Se Cristo é o pastor por excelência, todos nós somos chamados a ser pastores por participação, com humildade, seguindo seu exemplo e seus ensinamentos. Na prática devemos seguir o ensinamento de Cristo e sermos também nós bons pastores, cada qual a seu modo, mas cada um dando a sua vida. Cada um de nós é chamado a dar a vida.
Como afirmava Dom Henrique Soares: Pastor é o papa, pastores são os bispos, os ministros do Senhor. Pastores podemos ser todos nós, pais e mães de família, adultos, jovens e crianças. Pastores e pastorinhos! Pastores ou pastoras nós o somos de verdade, se amamos os irmãos como Cristo nos amou e por nós se entregou, se fazemos de nossa vida um serviço e uma doação, se damos a nossa vida como: esposo e pai de família, esposa e mãe de família, como filhos e irmãos, como fiéis numa pastoral da igreja.
Na vida familiar o pai e a mãe são chamados a dar a vida pelos seus filhos, na vida sacerdotal os padres e os bispos são chamados a dar a vida pelas suas ovelhas. E assim podemos assegurar-nos de estar no seguimento de Cristo. Ele, Bom pastor, que deu a vida pelas ovelhas.
Mas estejamos atentos. A figura do bom pastor Jesus contrapõe a do mercenário que não é pastor, a quem as ovelhas não pertencem e que vendo o lobo chegar foge e deixa o lobo atacar e dispersar as ovelhas.
Todos, porém, podemos correr o risco de ser mercenários. Mercenário é o oposto do pastor. Ele só pensa em si mesmo, só trabalha pelo dinheiro, não vivencia a profissão que exerce, não se envolve, não pensa no bem dos outros, é interesseiro, é egoísta.
Há mercenários no mundo da política, da educação, da saúde, do trabalho, do esporte etc. Infelizmente há também mercenários na condução de tantas comunidades cristãs ou não. Pelo seu modo de agir e pelas suas obras nós os reconheceremos.
Caríssimos, hoje é também jornada mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Peçamos ao Senhor, Bom Pastor, que dê à Igreja e ao mundo pastores segundo o seu coração, pastores que, nele e com ele, estejam dispostos a fazer da vida uma total entrega pelo rebanho; pastores que tenham sempre presente qual a única e imprescindível condição para pastorear o rebanho do Bom Pastor: "Simão, tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas!" (Jo 21,15s). Eis a condição: amar o Pastor! Quem não é apaixonado por Jesus não pode ser pastor do seu rebanho! Não se trata de competência, de eficiência, de brilhantismo; trata-se de amor! Se tu amas, então apascenta! Como dizia Santo Agostinho, "apascentar é ofício de quem ama".
Que o Senhor nos dê os pastores que sejam viva imagem dele; que Cristo nos faça verdadeiras ovelhas do seu rebanho. Amém.
Deus abençoe você!
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
Neste 4º Domingo da Páscoa, a Igreja celebra o Domingo do Bom Pastor e somos chamados a meditar sobre o drama do pastoreio dentro da Igreja. Ao contrário do que alguns pensam, anunciar Cristo e sua salvação ao mundo não é uma tarefa fácil, mas uma missão irrenunciável que nos coloca num verdadeiro duelo de vida e de morte, enfrentando ladrões, lobos e mercenários, para levar a salvação às almas.Ouça a homilia dominical do Padre Paulo Ricardo e rezemos pelos pastores da Igreja, a fim de que tenham forças para enfrentar os inimigos de Cristo.
Santo do dia 11/05/2025
São Francisco de Girolamo, Presbítero (Memória Facultativa)
Local: Nápoles, Itália
Data: 11 de Maio † 1716
Francisco era filho de João Leonardo de Girolamo e de Gentilesca Gravina. Nascido perto de Tarento, na Itália, a 17 de setembro de 1642, era o mais velho de onze irmãos, aos quais suplantou na virtude e na aplicação aos estudos.
Recebido na sociedade de eclesiásticos de São Cajetano, ali se fez ministrador de catecismo às crianças, incumbindo-se também da arrumação da igreja. Depois dos primeiros estudos, estava com dezesseis anos, enviaram-no a Tarento, para se dar à teologia. Ali, recebeu, depois dalgum tempo, as santas ordens e o diaconato.
Fazendo-se para Nápoles, estudou direito canônico e direito civil.
A 8 de maio de 1666, com uma dispensa de idade, recebeu o sacerdócio.
Cheio de desejo de perfeição, suspirando constantemente, desde algum tempo, pela solidão, foi, porém, por cinco anos, prefeito dum colégio da Companhia de Jesus.
Quando entrou nos vinte e oito anos, foi admitido como noviço na Companhia. Humilde, dado às mortificações, obedientíssimo, passou por duras provas.
Passado o noviciado, Francisco, com o padre Agnello Bruno, trabalhou nas missões. Durante três anos, com aquele companheiro, percorreu inúmeras aldeolas da Puila e de Otranto, como se fora um anjo que os céus lhes enviara.
Em 1674, estava novamente em Nápoles, onde terminou os estudos de teologia, e, no ano seguinte, foi nomeado pregador da igreja do Gesu Nuovo — início duma carreira apostólica que iria durar, sem interrupções, quarenta profícuos anos.
Grande parte do sucesso que São Francisco de Girolamo obteve lhe adveio da grande eloquência. Possuindo voz forte e sonora e estilo simples, insinuava-se no coração dos ouvintes com maneiras graciosas e atraentes. Preferentemente, falava sobre o pecado e os terrores dos divinos julgamentos, pintando-os com cores tão vivas, suscitando imagens tão perfeitas, que arrancava lágrimas de arrependimento ou sustos dos que o ouviam, todos presos, de olhos escancarados, como que magnetizados pela força do verbo fácil. Hábil, passava a falar das doçuras, da bondade, da infinita misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo, e aqueles que choravam, entregues ao desespero, do terror passavam à tranquilidade, à esperança. Era o momento em que, apelando aos corações endurecidos, convidava-os a solicitar do Salvador o perdão e a reconciliação. Era de ver, então, o grande número de pessoas que caindo de joelhos, suplicavam a Jesus crucificado a bênção dum olhar terno e cheio de perdão.
Sempre, antes de dar início às pregações, São Francisco de Girolamo passava longo tempo ajoelhado aos pés do Crucifixo. E o santo soube aproveitar-se das oportunidades com maestria.
Em 1707, numa erupção do Vesúvio, disse ele aos ouvintes, com voz cava, num tom tão lúgubre que arrepiava:
— Nápoles! Em que tempos vives?
Estas palavras, que em outras circunstâncias nenhum efeito teria, mesmo lançadas naquele diapasão terrível, foi duma eficácia incomum.
Doutra feita, pregava, com tantas lamúrias, sobre os malefícios do pecado, que um menino, entre os assistentes, rompeu a chorar desbragadamente. São Francisco de Girolamo deixou o púlpito, apressou-se a ir ao encontro do pequeno, ao qual abraçou com imensa ternura, depois do que, voltando-se para o auditório emudecido, disse:
— Este menino inocente derrama lágrimas tão sentidas e os pecadores permanecem insensíveis!
Sentindo-se inspirado, tornou ao pequeno:
— E teu pai, que faz ele?
O pai, presente, tocadíssimo, a conter uma avalanche que queria, a todo custo, romper da alma, levantando-se, incontrolado diante das lágrimas do filho, rompeu a correr e a gritar, em direção de Jesus crucificado, suplicando-lhe o perdão dos pecados que carregava.
Francisco fez conversões admiráveis. Um homem de Paris, protestante, casara-se com uma católica.
Chamava-se Francisco Cassier, a espôsa Madalena Olivier. Tiveram duas filhas. A estas, o pai queria encaminhá-las no protestantismo, mas a mãe, zelosa e sempre atenta, não o consentiu. E as meninas, por isso, eram rudemente castigadas pelo pai.
Um dia, a morte colheu Madalena Olivier, e Francisco resolveu mudar-se para Gênova. Forçou as pequenas a vestirem-se como homens e empreendeu a viagem.
Uma tarde, cansados da caminhada, trataram de repousar um pouco. E o pai, assim que adormeceu, foi, insensivelmente, morto pelas filhas.
Escondido o cadáver, ambas fugiram, deixaram a França, e, sempre envergando roupas masculinas, chegaram a Milão, onde se puseram a serviço de Carlos II, rei da Espanha, então senhor do ducado de Milão.
A companhia em que se engajaram foi enviada para Messina, depois para Nápoles. Ali, incumbida de perseguir uma audaciosa quadrilha de bandoleiros que se embiocara nos Abruzzos, enfiou-se pelas montanhas.
As duas filhas do malfadado Francisco Cassier lutaram com bravura incomum, mas uma delas pereceu. E a irmã, de medo que lhes descobrissem o sexo, tratou de enterrar o cadáver com grande pressa.
Terminada com êxito a expedição que se lançara aos bandidos dos Abruzzos, a jovem, adotando o nome de Carlos Pimentel, tornou a Nápoles com a companhia.
Um dia, em que a moça se achava de sentinela na praça do Castelo Novo, São Francisco, percebendo-a, aproximou-se dela, dizendo-lhe misteriosamente que o procurasse na igreja de Gesu Nuovo, depois do sermão.
Carlos Pimentel boquiabriu-se:
— Que desejará de mim este homem? perguntou-se. Jamais o vi, e nada tenho a tratar com ele!
São Francisco, notando a hesitação da sentinela, tornou, explicando:
— Quero que te vás para confessares. Confessar-me? Por que? Cometi eu porventura algum grande crime? Em sã consciência não sei que grave pecado haja cometido!
E, virando bruscamente as costas ao santo, afastava-se, quando São Francisco, contundentemente, retornou:
— Como podes dizer que não cometeste pecado? Não és uma mulher a viver escondida debaixo de trajes masculinos? Não és Maria Cassier, nascida em Paris, donde vieste para a Itália? Não te escondes também sob o nome de Carlos Pimentel? Não procures negar-mo, que de nada te servirá. Aquele que tudo me revelou é aquele Senhor Jesus que tu vês na cruz. Queres tu que te diga mais? Não foste tu que, de acordo com tua irmã, mataste teu pai tão cruelmente?
O soldado, a estas palavras, pôs-se pálido e trêmulo. E para impedir que o Santo mais falasse, prometeu que iria confessar-se no dia seguinte, embora pensasse o contrário.
São Francisco esperou-a, inutilmente, por dois dias. No terceiro, saiu a procurá-la, e, tendo-a encontrado, disse-lhe:
— É assim que tu tens em conta a palavra dada? Pai, crê em mim, respondeu-lhe ela, eu não pude ir. De resto, é-me impossível ver-te agora, porque, por ordem do vice-rei, embarcaremos imediatamente: partiremos para a Toscana.
O santo pensou por um momento, depois disse:
— Não, não partirás. Jura-me, pelo Cristo, que amanhã de manhã irás procurar-me. Não temas nada, porque tenho grande esperança de que Deus te quer salvar.
Inexplicavelmente, aquele dia mesmo, a ordem de embarque foi revogada, e a jovem apareceu na igreja de Gesu Nuovo, cumprindo a promessa feita a São Francisco de Girolamo.
— Então, disse-lhe ele alegremente, a sorrir: "Querias fugir das mãos de Deus? Lembra-te de que é um Pai que te ama, Aquele que te quer".
Ouvida em confissão, Maria Cassier recebeu a absolvição, cumpriu a penitência que o santo lhe impôs, e se acercou da mesa santa, passando quase que o dia inteiro na igreja, muito feliz, em piedosos exercícios de devoção.
A noitinha, o santo confessor levou-a consigo até a casa da bondosa marquesa de Santo Stefano, onde ficou a viver, retomadas as vestes do próprio sexo, no mais perfeito recato, a tratar de soldados inválidos.
Tal conversão, extraordinária, ocorreu no ano de 1688. Falecida em 1727, onze anos depois do nosso santo, que deixou o mundo no dia 11 de maio de 1716. Maria Cassier, sob juramento, quando do processo de canonização de São Francisco de Girolamo, em 1839, confirmou detalhadamente o que aqui se disse em resumo.
Conta-se ainda de São Francisco que, estando ausente de Nápoles, numa localidade que se situava a cinco léguas daquela cidade, apareceu a um dos irmãos, Cataldo, o qual, aos cuidados de Maria Cassier, desejava morrer ao lado do santo. Maria, ao ver São Francisco no quarto, exortando o bom Cataldo a perseverar até o fim, a levá-lo a uma boa morte, maravilhou-se, uma vez que era sabedora do afastamento do homem de Deus da cidade.
Aquele fato, propalado por toda Nápoles, foi motivo dum sem-número de conversões. E São Fran cisco de Girolamo, sempre humilde, sempre a fugir da glória, aos milagres que Deus obrava por sua intercessão, atribuía-os ele ao santo de sua grande devoção São Ciro.
Deus fê-lo sabedor do dia da morte, um ano antes, quando do falecimento de Cataldo. Disse:
— Daqui um ano nós nos acharemos reunidos. E assim foi, de fato.
Nosso Senhor, no fim da vida, enviou-lhe grandes sofrimentos, aos quais São Francisco recebeu e aceitou sem um único murmúrio. Se fora puro, cristalizara-se. E não cessava de repetir:
— Bendito seja Deus, que nos consola nas tribulações todas.
E quando, instando com ele os mais chegados, para que invocasse São Ciro e assim obtivesse ainda alguns anos mais de vida para dedicar ao serviço de Deus, respondia sorrindo:
—Ah, não! O santo e eu, sobre este ponto, não nos entendemos. A questão aqui, está consumada.
O único pedido que fez foi o de poder viver para contemplar a estátua do seu santo padroeiro que estava quase terminada. Foi atendido, chegou a vê-la. E, tendo-a contemplado, todo banhado em riso, exclamou, comovido:
— Agora sim, morro contente!
A última hora, o demônio assaltou-o com grande violência. E São Francisco, agitando-se terrivelmente, na grande luta que se travava, dizia, como que respondendo a inaudível pergunta:
— Não! Jamais! Retira-te! Nada tenho, nada, a tratar contigo!
O rosto, ditas aquelas palavras iluminou-se, e uma grande calma do santo se apossou, sinal patente de que vencera o Tentador, expulsando-o de si para sempre.
Pôs-se, então, com muita suavidade, a cantar o Magnificat e o Te Deum, como que agradecendo a Deus a grande vitória alcançada.
O corpo de São Francisco de Girolamo está conservado sob um altar lateral da igreja de Gesu Nuovo, em Nápoles. Quantos milagres foram obtidos por intermédio do santo? Muitos. Inúmeros milagres honraram-lhe as santas relíquias.
Pio VII, em 1806, beatificou-o, e Gregório XVI canonizou-o, como vimos, em 1839.
São Francisco de Girolamo é um dos padroeiros de Nápoles.
Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume VIII. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 04 mai. 2022.
São Francisco de Girolamo, rogai por nós!