Uncategorized
A Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica: o que essas marcas significam
por Thiago Zanetti em 10/10/2025 • Você e mais 677 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 5 minutos
Quando recitamos o Credo Niceno-Constantinopolitano, afirmamos nossa fé “na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Mas você já parou para refletir profundamente sobre o que essas quatro palavras significam? Elas não são apenas adjetivos; são marcas essenciais que identificam a verdadeira Igreja de Cristo. Neste artigo, vamos explorar o significado de cada uma dessas características à luz do Catecismo da Igreja Católica, dos Concílios Ecumênicos e da Tradição Apostólica.
1. Igreja Una
A unidade é a primeira marca da Igreja. Cristo mesmo a fundou como um só corpo espiritual, e essa unidade se manifesta em três níveis:
- Unidade da fé, transmitida desde os Apóstolos e guardada intacta pela Igreja ao longo dos séculos.
- Unidade dos sacramentos, especialmente a Eucaristia, que é “sacramento da piedade, sinal da unidade, vínculo da caridade” (CIC, 1323,).
- Unidade do governo e da hierarquia, visível na comunhão com o Papa, sucessor de Pedro, e os bispos unidos a ele.
A fonte última da unidade é o próprio Deus, Uno e Trino. O Catecismo afirma:
“A Igreja é por sua fonte: ‘Deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a unidade de um só Deus na Trindade de Pessoas, Pai e Filho no Espírito Santo’” (CIC, 813).
Portanto, a Igreja não é uma federação de comunidades isoladas, mas uma comunhão universal e visível, enraizada na Trindade e conduzida pelo Espírito Santo.
2. Igreja Santa
Muitos se perguntam: como a Igreja pode ser santa se há pecadores dentro dela? A resposta está em compreender que a santidade da Igreja não vem de seus membros individualmente, mas de Cristo, que a santifica constantemente.
A Igreja é santa porque:
- Cristo “amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la” (Ef 5,25-26).
- O Espírito Santo habita nela, comunicando-lhe os meios de salvação: Palavra, Sacramentos, oração, carismas, dons espirituais e testemunho dos santos.
- A santidade está presente de maneira plena em Maria, e de modo visível na vida dos santos canonizados e nos cristãos que vivem com fidelidade o Evangelho.
O Catecismo ensina:
“[…] a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores, ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação” (CIC, 827).
Ou seja, embora contenha pecadores, a Igreja é o instrumento e o lugar da santificação do mundo.
3. Igreja Católica
A palavra “católica” vem do grego katholikos, que significa universal. A Igreja é católica em dois sentidos:
- Plenitude: Ela possui a totalidade dos meios de salvação — a doutrina verdadeira, os sacramentos instituídos por Cristo, e a sucessão apostólica.
- Universalidade: Ela é enviada a todos os povos, em todos os tempos e lugares.
Como ensina o Catecismo:
“Ela é católica porque Cristo está presente nela. ‘Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica’” (Santo Inácio de Antioquia, CIC, 830).
Essa catolicidade se expressa na diversidade de ritos, línguas, culturas e expressões de fé, mas todos em comunhão com o mesmo Senhor e a mesma doutrina. Por isso, cada Igreja particular (diocese) é também católica, desde que esteja em comunhão com o Bispo de Roma.
4. Igreja Apostólica
A Igreja é apostólica porque foi fundada sobre os Apóstolos, como testemunhas da Ressurreição e primeiros transmissores da fé. Essa marca se manifesta em três dimensões:
- Origem apostólica: A Igreja foi edificada por Cristo “sobre o fundamento dos apóstolos” (Ef 2,20).
- Doutrina apostólica: Ela conserva e transmite fielmente o ensinamento dos apóstolos por meio da Sagrada Tradição e da Sagrada Escritura.
- Sucessão apostólica: Os bispos são sucessores legítimos dos apóstolos, e o Papa é o sucessor de Pedro, a quem Cristo confiou as chaves do Reino.
O Concílio Vaticano II reafirma:
“[…] para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores” (Dei Verbum, 7).
Assim, a Igreja de hoje não é uma criação posterior, mas a continuação histórica e espiritual da comunidade apostólica.
O que essas quatro marcas revelam sobre a verdadeira Igreja de Cristo
Dizer que a Igreja é una, santa, católica e apostólica não é apenas professar uma fórmula teológica. É reconhecer que a Igreja fundada por Cristo tem uma identidade clara, enraizada em sua missão divina. É também um chamado à responsabilidade: ser católico é participar ativamente dessa Igreja, acolhendo sua doutrina, vivendo sua santidade, promovendo sua unidade e colaborando com sua missão apostólica.
Essas quatro marcas formam o DNA da verdadeira Igreja de Cristo, aquela que Ele prometeu que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Conhecê-las é essencial para vivermos uma fé consciente, madura e enraizada na verdade revelada.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
Siga-o no Instagram: @thiagoz.escritor
Compartilhar:
Voltar para artigos