Santa Clara, Virgem, Memória
Antífona de entrada
Ou:
Como és bela, ó virgem de Cristo, foste digna de receber a coroa do Senhor, a coroa da eterna virgindade.
Vernáculo:
Vós amais a justiça e odiais a maldade. É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos. Sl. Transborda um poema do meu coração; vou cantar-vos, ó Rei, esta minha canção; minha língua é qual pena de um ágil escriba. (Cf. LH: Sl 44, 8 e 2)
Coleta
Ó Deus, na vossa misericórdia, atraístes Santa Clara ao amor da pobreza; concedei-nos, por sua intercessão, que, seguindo o Cristo com um coração de pobre, mereçamos chegar a contemplar-vos no reino celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Dt 10, 12-22
Leitura do Livro do Deuteronômio
Moisés falou ao povo, dizendo: 12“E agora, Israel, o que é que o Senhor teu Deus te pede? Apenas que o temas e andes em seus caminhos; que ames e sirvas ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, 13e que guardes os mandamentos e preceitos do Senhor, que hoje te prescrevo para que sejas feliz. 14Vê: é ao Senhor teu Deus que pertencem os céus, o mais alto dos céus, a terra e tudo o que nela existe. 15No entanto, foi a teus pais que o Senhor se afeiçoou e amou; e, depois deles, foi à sua descendência, isto é, a vós, que ele escolheu entre todos os povos, como hoje está provado.
16Abri, pois, o vosso coração, e não endureçais mais vossa cerviz, 17porque o vosso Deus é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas nem aceita suborno. 18Ele faz justiça ao órfão e à viúva, ama o estrangeiro e lhe dá alimento e roupa. 19Portanto, amai os estrangeiros, porque vós também fostes estrangeiros na terra do Egito. 20Temerás o Senhor teu Deus e só a ele servirás; a ele te apegarás e jurarás por seu nome. 21Ele é o teu louvor, ele é o teu Deus, que fez por ti essas coisas grandes e terríveis que viste com teus próprios olhos.
22Ao descerem para o Egito, teus pais eram apenas setenta pessoas, e agora o Senhor teu Deus te fez tão numeroso como as estrelas do céu”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 147(147B), 12-13. 14-15. 19-20 (R. 12a)
℟. Glorifica o Senhor, Jerusalém!
— Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus! Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio abençoou. ℟.
— A paz em teus limites garantiu e te dá como alimento a flor do trigo. Ele envia suas ordens para a terra, e a palavra que ele diz corre veloz. ℟.
— Anuncia a Jacó sua palavra, seus preceitos, suas leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho, a nenhum outro revelou os seus preceitos. ℟.
℣. Pelo Evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Cf. 2Ts 2, 14) ℟.
Evangelho — Mt 17, 22-27
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 22quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. E os discípulos ficaram muito tristes. 24Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”
25Pedro respondeu: “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” 26Pedro respondeu: “Dos estranhos!” Então Jesus disse: “Logo os filhos são livres. 27Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que tu pescares. Ali tu encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Filiae regum in honóre tuo, ástitit regína a dextris tuis in vestítu deauráto, circúmdata varietáte. (Ps. 44, 10)
Vernáculo:
As filhas de reis vêm ao vosso encontro, e à vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir. (Cf. LH: Sl 44, 10)
Sobre as Oferendas
Senhor, proclamando-vos admirável na santa virgem Clara, humildemente vos pedimos: como vos foram agradáveis os méritos da sua vida, assim vos agrade o serviço do nosso culto. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida. (Cf. Sl 26, 4)
Vernáculo:
As cinco virgens prudentes, ao tomarem suas lâmpadas, levaram óleo consigo. No meio da noite ouviu-se um grito: Eis, o Noivo está chegando: ide ao encontro do Cristo Senhor. (Cf. MR: Mt 25, 4. 6)
Depois da Comunhão
Senhor nosso Deus, saciados pela participação nos divinos mistérios, fazei que, a exemplo de santa Clara, nos esforcemos por servir unicamente a vós, trazendo em nosso corpo os sinais dos sofrimentos de Jesus. Que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Homilia do dia 11/08/2025
Têm algum valor os nossos sofrimentos?
Cristo, Deus e homem verdadeiro, quis associar-nos ao mistério de sua Páscoa, conferindo aos nossos padecimentos a capacidade de participar da eficácia redentora da cruz.
No Evangelho de hoje, Jesus prevê pela segunda vez sua paixão, morte e ressurreição. Ele se refere a si mesmo como Filho do Homem e, ao mesmo tempo, como Filho do Rei, eximido de todo dever para com as potestades deste mundo. Mas, apesar de não ter dívidas com ninguém, Ele se dispõe livremente a pagar o tributo de César, alusão ao preço a ser pago na cruz pelo nosso resgate. Há aqui, portanto, um contraste chamativo: Jesus, enquanto Filho do Homem igual a nós em tudo, dará sua vida em meio aos piores tormentos, vindo a morrer verdadeiramente; mas, enquanto Filho de Deus imortal, causará nossa salvação pelo mérito infinito desses mesmos sofrimentos, pagando assim o preço pelo qual fomos libertados da escravidão do pecado (cf. Jo 8, 34; 2Pd 2, 19), do demônio e da condenação devida à nossa iniquidade (cf. Tt 2, 14; 1Pd 1, 18-19). É por isso que diz o Apóstolo: “Fostes comprados por um grande preço” (1Cor 6, 20), ou seja, pelo Sangue preciosíssimo do Cordeiro, assim como o povo de Israel foi resgatado outrora da escravidão do Egito pelo sangue do cordeiro pascal, imagem e figura de Cristo, ao valor de cujas ações podemos nós agora nos unir, associando-nos, como membros do Corpo místico, à obra da redenção mediante a paciência na adversidade, o amor no sofrimento, o sacrifício na dificuldade. Sabendo-nos, pois, comprados a tão alto preço, completemos em nossa carne “o que falta às tribulações de Cristo por seu Corpo, que é a Igreja” (Col 1, 24). Alegremo-nos no sofrimento, porque o Senhor imprimiu-lhe o poder de santificar-nos e fazer-nos corredentores por Ele, com Ele e dependentes dele.
Deus abençoe você!
Santo do dia 11/08/2025
Santa Clara de Assis, Virgem (Memória)
Local: Assis, Itália
Data: 11 de Agosto † 1253
Clara de Assis brilhou certamente entre as grandes santas mulheres na história da Igreja. Como o nome expressa, ela foi uma estrela reluzente.
Seu biógrafo Frei Tomás de Celano diz dela: Clara de nome, mais clara pela vida, claríssima pelos costumes.
Na Bula de canonização, o papa Alexandre IV escreve: Clara, preclara por seus claros méritos, clareia claramente no céu pela claridade da grande glória, e na terra pelo esplendor dos milagres sublimes. Brilha aqui claramente sua estrita e elevada religião, irradia no alto a grandeza de seu prêmio eterno, e sua virtude resplandece para os mortais com sinais magníficos.
Clara nasceu no ano de 1193/1194, em Assis, na Itália, da ilustre família dos Offreduccio. Seu pai era Favarone Offreduccio. Pelos 18 anos ela foi apresentada a Francisco por seu primo Frei Rufino.
Entusiasmada pelo tipo de vida de seu conterrâneo, procurou segui-lo na medida do possível. Era uma jovem rica, inteligente e de extraordinária beleza. Na primavera de 1212, na cerimônia dos ramos, o bispo, certamente já avisado por Francisco das intenções de Clara, desceu do altar e lhe entregou um ramo bento. Seria a anuência do Bispo para que Francisco recebesse Clara em sua consagração religiosa. Naquela mesma noite fugiu de casa e recebeu a veste religiosa na Porciúncula, onde Francisco vivia com seus companheiros.
Depois de mudar-se de um a outro mosteiro, devido à busca promovida pela família, foi para São Damião, onde havia a capela restaurada por Francisco. Ali Clara vai formar o primeiro mosteiro da nova Ordem das Damas Pobres ou Clarissas. Alguns dias depois, seguiu-a, também pela fuga, sua irmã Inês, que será canonizada mais tarde, e depois outra irmã, Beatriz. Também sua mãe Hortolana terminará seus dias em São Damião.
Clara, com suas irmãs de São Damião, realizará de modo eminente a faceta contemplativa do ideal de São Francisco, dentro do espírito da mais estrita pobreza.
Em Clara, a Igreja contempla o ideal da virgindade cristã como seguimento do Cristo esposo. Está fortemente presente a espiritualidade dos esponsais ou das núpcias com o Cordeiro divino, Jesus Cristo, a que é chamada toda a humanidade. A virgindade consagrada sempre foi considerada como um grande valor no seguimento do Cristo obediente, pobre e virgem na total entrega ao Pai e a serviço do Reino. A virgindade pode ser apreciada como símbolo significativo da identidade mais profunda da mulher e de sua potencialidade de vida, tendo como fonte o amor verdadeiro. Jovem, ela como que acumula um tesouro que será investido na aventura do amor verdadeiro, fonte de vida. Clara colocou toda esta potencialidade do amor a serviço do amor de Deus, da multidão de virgens que Deus lhe deu como filhas espirituais, e de toda a humanidade, através de sua vida de oração.
No entanto, na vida de Santa Clara existe uma intima relação entre a espiritualidade dos esponsais, enaltecida no Cântico dos Cânticos e a altíssima pobreza. Tratava-se de esvaziar seu coração de tudo o que pudesse prendê-lo, para dar espaço ao amor universal, amor filial a Deus e amor fraternal ou de irmã ao próximo e a todo o criado, a exemplo de Francisco.
Durante toda a vida Clara lutará para seguir de perto o tipo de pobreza ideado por São Francisco, que as autoridades eclesiásticas do tempo julgavam mais ou menos incompatível com a vida religiosa feminina enclausurada, como o era a das clarissas. Forçada a aceitar estruturas da vida monástica feminina contemporânea, Clara procurou insuflar nas companheiras o espírito que bebera em São Francisco.
Clara foi enquadrada no estilo de vida consagrada do monaquismo. Não havia lugar ainda para uma vida religiosa feminina consagrada de tipo apostólico, como foi inaugurada por Francisco de Assis. Clara teve que aceitar, por exemplo, o título de abadessa, próprio de outras monjas, e a casa ou convento foi chamado de mosteiro, entidade autônoma. Somente poucos dias antes da morte, ela conseguiu a aprovação papal de uma Regra, por ela mesma redigida sob inspiração da Regra dos Frades Menores. O enquadramento no estilo monástico de vida talvez explique o fato de, pouco tempo depois da morte de Santa Clara, começarem a surgir Congregações franciscanas femininas de vida regular e apostólica. Hoje são as mais de 400 Congregações Franciscanas que observam a Regra da Terceira Ordem Regular de São Francisco (TOR), as nossas Congregações franciscanas.
Vale a pena lembrar suas últimas palavras no leito de morte, depois de abençoar suas irmãs e filhas presentes e futuras: "Vai em paz, minha alma, porque seguiste o bom caminho; vai confiante, porque teu Criador te santificou, te protegeu constantemente e te amou com toda a ternura de uma mãe por seu filho. Ó Deus, bendito sejas por me teres criado".
Clara faleceu no pequeno mosteiro de São Damião, Assis, em 1253, sendo declarada santa dois anos depois.
A Ordem das Clarissas, a II Ordem Franciscana, espalhou-se rapidamente, contando atualmente em torno de 19.000 religiosas, sob várias denominações segundo a Regra que observam.
A Oração coleta realça Santa Clara em seu amor à pobreza. Pede que, por sua intercessão, possamos seguir o Cristo com um coração de pobre e contemplá-lo um dia no reino dos Céus.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Clara de Assis, rogai por nós!