2º Domingo do Advento
Antífona de entrada
Vernáculo:
Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações; e, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz. (Cf. MR: Is 30, 19. 30) Sl. Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós, que a José apascentais qual um rebanho! (Cf. LH: Sl 79, 2ab)
Coleta
Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela celeste sabedoria, participemos da vida daquele que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Is 11, 1-10
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Naqueles dias, 1nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; 2sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; 3no temor do Senhor, encontra ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; 4mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios. 5Cingirá a cintura com a correia da justiça e as costas com a faixa da fidelidade. 6O lobo e o cordeiro viverão juntos, e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos, e até mesmo uma criança poderá tangê-los. 7A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha com o boi; 8a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. 9Não haverá danos nem mortes por todo o meu santo monte: a terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto às águas que cobrem o mar. 10Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 71(72), 1-2. 7-8. 12-13. 17 (R. cf. 7)
℟. Nos seus dias a justiça florirá.
— Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! Com justiça ele governe o vosso povo, com equidade ele julgue os vossos pobres. ℟.
— Nos seus dias a justiça florirá e grande paz, até que a lua perca o brilho! De mar a mar estenderá o seu domínio, e desde o rio até os confins de toda a terra! ℟.
— Libertará o indigente que suplica, e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do indigente e do infeliz, e a vida dos humildes salvará. ℟.
— Seja bendito o seu nome para sempre! E que dure como o sol sua memória! Todos os povos serão nele abençoados, todas as gentes cantarão o seu louvor! ℟.
Segunda Leitura — Rm 15, 4-9
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos
Irmãos: 4Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança.
5O Deus, que dá constância e conforto, vos dê a graça da harmonia e concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus.6Assim, tendo como que um só coração e a uma só voz, glorificareis o Deus e Pai do Senhor nosso, Jesus Cristo.
7Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu, para a glória de Deus.
8Pois eu digo: Cristo tornou-se servo dos que praticam a circuncisão, para honrar a veracidade de Deus, confirmando as promessas feitas aos pais.
9Quanto aos pagãos, eles glorificam a Deus, em razão da sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu vos glorificarei entre os pagãos e cantarei louvores ao vosso nome”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas! Toda a carne há de ver a salvação do nosso Deus. (Lc 3, 4. 6) ℟.
Evangelho — Mt 3, 1-12
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia:
2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”.
3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”
4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo.
5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João.6Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão.7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar?8Produzi frutos que provem a vossa conversão.9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão.
10O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo.
11Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
12Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Deus tu convértens vivificábis nos, et plebs tua laetábitur in te: osténde nobis, Dómine, misericórdiam tuam, et salutáre tuum da nobis. (Ps. 84, 7-8)
Vernáculo:
Não vireis restituir a nossa vida, para que em vós se rejubile o vosso povo? Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, concedei-nos também vossa salvação! (Cf. LH: Sl 84, 7-8)
Sobre as Oferendas
Aceitai, Senhor, com bondade as nossas humildes preces e oferendas; e como não podemos invocar os nossos méritos, socorrei-nos com o remédio da vossa misericórdia. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Levanta-te, Jerusalém, põe-te no alto e vê: vem a ti a alegria do teu Deus. (Cf. MR: Br 5, 5; 4, 36)
Depois da Comunhão
Nós vos suplicamos, Senhor, que saciados com o alimento espiritual, pela participação nestes santos mistérios, nos ensineis a apreciar com sabedoria as coisas terrenas e colocar nossas esperanças nos bens eternos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 07/12/2025
Pregar sobre o Inferno é um ato de misericórdia!
“O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo. Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.
No Evangelho deste domingo, somos confrontados pela severidade de vida e da pregação de João Batista. Último dos profetas, o Precursor de Cristo vivia com simplicidade tanto de vestuário, pois “usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins”, quanto de regime, pois “comia gafanhotos e mel do campo”. Não menos duras são as palavras por ele dirigidas primeiro aos fariseus e saduceus, a quem chama carinhosamente “cobras venenosas”, depois a todo o povo que o ouvia. “O machado já está na raiz das árvores”, diz, “e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo que não se apaga”.
A ouvidos desatentos, tais palavras podem soar contrárias ao espírito do Novo Testamento, à lei da caridade que veio cumprir e consumar a Antiga Lei. A verdade, porém, é que o próprio Senhor usou não poucas vezes de linguagem semelhante para denunciar as obras infrutíferas das trevas (cf. Ef 5,11), não poupando invectivas para repreender os mesmos que São João Batista criticara (cf. Mt 23,). O evangelho de João nos diz que Jesus chegou a fazer um chicote de cordas para expulsar do Templo cambistas e vendedores, que faziam da casa do Pai um antro de comércio (cf. Jo 2,13-17).
Esses poucos exemplos bastam para mostrar o quanto se afastam da verdade os que contrapõem o Antigo ao Novo Testamento e a justiça à misericórdia. Deus não é um para os Patriarcas e os profetas, e outro para os Apóstolos, como queria o heresiarca Marcião de Sinope. Ao contrário, um só e mesmo Deus é o que liberta o povo da escravidão do Egito e o castiga por quarenta anos no deserto; um só e mesmo Deus o que lança fora do Templo os gananciosos e faz entrar os pobres em seu reino; um só e mesmo Deus o que “trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos” e, ao mesmo tempo, “fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios” (Is 11,3s).
A doutrina católica abraça o todo da verdade sobre Deus, sem menosprezar sua justiça nem abusar de sua bondade, e o que vemos na história da salvação, com respeito à diversidade de leis divinas, repete-se de certo modo na história de cada um em particular. Se, sob a lei da graça, os homens passaram a procurar o Céu em vez de Canaã e a mover-se antes pelo amor que pelo temor (cf. STh I-II 91, 5), também nós temos de preferir as alegrias celestes aos bens terrenos e mover-nos menos sob a ameaça do castigo que pelo amor de Deus manifestado em Cristo.
Isso, porém, não nos deve fazer perder de vista que o temor de Deus é o princípio da sabedoria (cf. Sl 110,10) e o primeiro dom do Espírito Santo, tema da Segunda Leitura deste domingo. Para os que ainda não entraram no caminho da salvação, a pregação mais conveniente é a que suscita o temor, que move a abandonar o pecado e a reconciliar-se com Deus. Por isso, é oportuno falar do inferno. Enquanto houver almas apartadas de Deus, cobertas de pecados mortais, a poucos passos do abismo eterno, o inferno nunca deixará de ser um tema atual — a menos que nos atrevamos a considerar irrelevantes ou ultrapassadas as verdades pregadas por Nosso Senhor, pelos Apóstolos e santos. Nesse caso, o que nos tem faltado é fé e, de todos os homens, somos sem dúvida os mais dignos de lástima, por depositarmos neste mundo toda a nossa esperança (cf. 1Cor 15,19).
Ora, para termos noção adequada do que seja o inferno, consideremos a profundidade da alma humana, que não pode ser plenamente saciada por nada no universo. Temos dentro de nós um vazio de certo modo infinito, que só Deus pode preencher. Sucede que, enquanto peregrinamos neste mundo, não somos capazes de reconhecer esse fato em profundidade. Quando morrermos, ele se nos manifestará com toda a força, e enfim veremos se somos dignos de amor ou de ódio, gratos ou abomináveis a Deus. Se morremos perfeitos em graça, vamos de um passo para o Céu; mas se ainda nos impedem nossas misérias e imperfeições, sofremos dores de espera no que a Igreja chama purgatório. Por outro lado, a alma que parte impenitente do mundo passará a eternidade no mesmo estado em que morreu, afastada de Deus, a quem terá tanto mais ódio quanto melhor compreender que só nele poderia ser feliz.
Realidade tão terrível como essa, consequência de nossa liberdade, não pode ser silenciada nos púlpitos nem na catequese. Eis por que Nossa Senhora mostrou o inferno aos pastorinhos de Fátima, chamando-os a oferecer jejuns e orações pelas almas dos pobres pecadores, para que não se perdessem eternamente. Jamais esqueçamos que nem uma guerra nuclear que acarretasse a extinção da espécie humana superaria em gravidade a tragédia de ser separado eternamente de Deus, único Bem capaz de saciar plenamente os anseios de nossa vontade. Recorramos enquanto temos tempo à misericórdia divina. Confessemo-nos, mudemos de vida e procuremos a amizade de Deus, acolhendo como misericordioso Salvador Aquele a quem tememos como justíssimo Juiz.
Deus abençoe você!
Santo do dia 07/12/2025
Santo Ambrósio de Milão (Memória)
Local: Milão, Itália
Data: 07 de Dezembro † 397
Santo Ambrósio é uma das figuras mais empolgantes da Igreja ao findar do Império Romano. Nascido de uma nobre família romana, em Tréveris, Alemanha, cerca do ano 340, quando o pai era governador das Gálias. Ambrósio foi educado em Roma junto com o irmão Sátiro e a irmã Marcelina, virgem consagrada.
Formou-se Ambrósio na mais rígida tradição romana que cultuava as virtudes cívicas e morais: a retidão, o amor à justiça e probidade, o sentido prático, a doação à causa pública. Recebeu também aprimorada formação retórica que o tornou um escritor latino correto e elegante.
Na idade de 35 anos, Ambrósio foi nomeado governador da província romana da Itália do norte com sede em Milão, cargo de grande importância na administração do Império. Pouco depois veio a falecer o bispo de Milão, Aussêncio, adepto do arianismo. A fim de se evitarem conflitos na eleição do novo bispo, devido às duas facções, católica e ariana, Ambrósio se dirigiu à igreja onde se efetuava a escolha, com o objetivo exclusivo de manter a ordem pública. Sendo ele muito conhecido e apreciado por suas qualidades de homem público, Ambrósio teve a surpresa de ouvir sua aclamação como Bispo em plena assembleia de clero e fiéis: "Queremos Ambrósio bispo".
De nada adiantaram os protestos de Ambrósio, que ainda não era nem batizado e era funcionário do Império. O povo insistiu. No fim, surpreso e atemorizado, Ambrósio acabou se submetendo. Preparou-se para o batismo, foi ordenado sacerdote e ordenado Bispo alguns meses depois, a 7 de dezembro de 374, quando contava com cerca de 36 anos de idade.
A escolha do bispo Ambrósio mostrou-se providencial. Sua atuação no campo pastoral, político, doutrinal e litúrgico foi tão marcante que a Igreja, mais tarde, o canonizaria dando-lhe o título de Grande Santo Padre da Igreja. De 1298 em diante ele é celebrado como um dos quatro doutores da Igreja do Ocidente, sendo os outros três Agostinho, Jerônimo e Gregório Magno.
Ambrósio desempenhou papel político relevante, visto que Milão era uma das sedes dos imperadores do Ocidente e ele tinha relações continuas com os soberanos. Por seus dotes pessoais, foi conselheiro dos imperadores Graciano em Tréveris, Valentiniano II em Sirmio e de Teodósio II, sabendo, porém, opor-se com firmeza também à imperatriz Justina, simpatizante do arianismo. Ficou marcada na história, sobretudo, sua atitude firme de bispo frente ao imperador Teodósio. Santo Ambrósio tratou o imperador como qualquer outro fiel, impondo-lhe, segundo o costume, penitência pública por ter tolerado que seus legionários devastassem a cidade de Tessalônica. Foi muito grande também a influência dele na extirpação dos últimos resquícios do velho paganismo do Império Romano. Conseguiu, outrossim, acabar com o arianismo no norte da Itália. A forma literária dos seus sermões atraiu a curiosidade do jovem professor de Retórica, Agostinho que, do estilo, passou a gostar do conteúdo, chegando à conversão.
Guia reconhecido na Igreja ocidental, à qual transmite também a riqueza da tradição oriental, estendeu sua influência a todo o mundo latino. Em época de grandes transformações culturais e sociais, sua personalidade se impõe como símbolo de liberdade e de pacificação.
Ambrósio foi um escritor fecundo: deixou escritos ascéticos, tratados sobre as obrigações do clero e deveres dos fiéis; foi também pocta, compondo hinos para servir à Liturgia, alguns dos quais ainda se conservam na Liturgia das Horas.
Merecem menção os dois livros sobre a iniciação cristã, "Os Sacramentos" e "Os Mistérios". Escreveu quatro obras sobre a virgindade, virtude totalmente ignorada pela moral romana e que revelam nele uma delicada espiritualidade, pois enaltece nestes escritos a mística de uma doação total a Deus em corpo e alma. Faleceu no dia 4 de abril, na Páscoa de 394, com 23 anos de episcopado e 60 anos de idade.
O hino de Laudes apresenta Ambrósio como forte e santo prelado. A Oração coleta exalta Santo Ambrósio como doutor da fé católica e exemplo de intrépido pastor. Pede que Deus desperte, na sua Igreja, homens que a governem com força e sabedoria. A Oração sobre as oferendas pede que Deus faça com que o Espírito Santo acenda em nós a mesma fé que iluminava Santo Ambrósio. A Oração depois da Comunhão pede que, reconfortados pelo sacramento da Eucaristia, possamos, pelos ensinamentos de Santo Ambrósio, progredir e, percorrendo corajosamente os caminhos do Senhor, preparar-nos para o eterno convívio.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santo Ambrósio de Milão, rogai por nós!


