4ª feira da 1ª Semana do Tempo Comum
Antífona de entrada
In excélso throno vidi sedére virum, quem adórat multitúdo angelórum, psalléntes in unum: ecce cujus impérii nomen est in aetérnum. Ps. Iubiláte Deo omnis terra: servíte Dómino in laetítia. (Cf. Dan. 7, 9. 10. 13. 14. et Is. 6, 1-3; ℣. Ps. 99)
Vernáculo:
Vi um homem sentado num trono excelso; a multidão dos Anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo nome e império permanecem eternamente.(Cf. MR)
Coleta
Senhor, atendei com bondade paterna as preces do vosso povo suplicante; dai-lhe luz para ver o que deve ser feito e coragem para realizar o que viu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — 1Sm 3, 1-10. 19-20
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias, 1o jovem Samuel servia ao Senhor na presença de Eli. Naquele tempo a palavra do Senhor era rara e as visões não eram frequentes. 2Aconteceu que, um dia, Eli estava dormindo no seu quarto. Seus olhos começavam a enfraquecer e já não conseguia enxergar. 3A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel estava dormindo no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. 4Então o Senhor chamou: “Samuel, Samuel!” Ele respondeu: “Estou aqui”. 5E correu para junto de Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli respondeu: “Eu não te chamei. Volta a dormir!” E ele foi deitar-se.
6O Senhor chamou de novo: “Samuel, Samuel!” E Samuel levantou-se, foi ter com Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Ele respondeu: “Não te chamei, meu filho. Volta a dormir!” 7Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois, até então, a palavra do Senhor não se lhe tinha manifestado. 8O Senhor chamou pela terceira vez: “Samuel, Samuel!” Ele levantou-se, foi para junto de Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”.
Eli compreendeu que era o Senhor que estava chamando o menino. 9Então disse a Samuel: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: ‘Senhor, fala que teu servo escuta!’” E Samuel voltou ao seu lugar para dormir. 10O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel! Samuel!” E ele respondeu: “Fala, que teu servo escuta”. 19Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras. 20Todo Israel, desde Dã até Bersabeia, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 39(40), 2 e 5. 7-8a. 8b-9. 10 (R. 8a. 9a)
℟. Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
— Esperando, esperei no Senhor, e inclinando-se, ouviu meu clamor. É feliz quem a Deus se confia; quem não segue os que adoram os ídolos e se perdem por falsos caminhos. ℟.
— Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. E então eu vos disse: “Eis que venho!” ℟.
— Sobre mim está escrito no livro: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!” ℟.
— Boas novas de vossa justiça anunciei numa grande assembleia; vós sabeis: não fechei os meus lábios! ℟.
℣. Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem. (Jo 10, 27) ℟.
Evangelho — Mc 1, 29-39
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. 32À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Gradual Romano:
Iubiláte Deo omnis terra: iubiláte Deo omnis terra, servíte Dómino in laetítia: intráte in conspéctu eius in exsultatióne, quia Dóminus ipse est Deus. (Ps. 99, 1. 2)
Vernáculo:
Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos! (Cf. LH: Sl 99, 1. 2)
Sobre as Oferendas
Possa agradar-vos, Senhor, a oferenda do vosso povo; ela nos obtenha a santificação e o que confiantes vos pedimos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância, diz o Senhor. (Jo 10, 10)
Notas mihi fecísti vias vitae: adimplébis me laetítia cum vultu tuo, Dómine. (Ps. 15, 11; ℣. Ps. 15, 1. 2. 5. 6. 8. 9. 10; p.362)
Vernáculo:
Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado! (Cf. LH: Sl 15, 11)
Depois da Comunhão
Deus todo-poderoso, que refazeis as nossas forças pelos vossos sacramentos, nós vos pedimos a graça de vos servir por uma vida que vos seja agradável. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 14/01/2026
A sogra de Pedro e o Pantocrator
“A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se”.
O Evangelho desta quarta-feira nos relata a cura da sogra de S. Pedro. Trata-se de um episódio registrado nos três evangelhos sinóticos, cada um dos quais sublinha certos detalhes que, considerados em conjunto, nos ajudam a compreender com maior profundidade esta cena tão tocante, uma das primeiras do ministério público de Nosso Senhor. A Liturgia de hoje nos propõe como leitura a versão do evangelista S. Marcos, que tem a particularidade de empregar, no v. 31, um verbo bastante expressivo, κρατέω, para significar o gesto de segurar a mão da sogra de Pedro: “A sogra de Simão”, escreve Marcos, “estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou (κρατήσας) sua mão e ajudou-a a levantar-se”. É deste mesmo verbo que vem a palavra pantocrator (Παντοκράτωρ), que quer dizer, literalmente, “o que tudo sustenta”. Um pantocrator, como se sabe, é uma representação iconográfica de Cristo como Juiz e Senhor onipotente, por quem e para quem foram feitas todas as coisas (cf. Jo 1, 3.10). É por isso que em muitas imagens do pantocrator estão escritas, ao redor da cabeça de Jesus, as palavras ὁ ὤν, tradução grega do nome que Deus revelou a Moisés na sarça ardente: ᾿Εγώ εἰμι ὁ ὤν, “Eu sou o que sou” (Ex 3, 14). Com isso, quer-se indicar tanto a divindade de Nosso Senhor, consubstancial ao Pai, quanto o fato de que a sustentação que Jesus oferece aqui à sogra de Pedro não é nem meramente moral nem exclusivamente física, como se Ele se limitasse a curá-la da febre, mas eminentemente ontológica. Cristo, em outras palavras, segura-lhe a mão porque a sustenta e conserva no ser, como Senhor e Criador de todas as coisas.
Deus abençoe você!
Santo do dia 14/01/2026
São Felix de Nola (Memória Facultativa)
Local: Nola, Itália
Data: 14 de Janeiro † s. III/IV
Em Nola, na Campânia, refugiara-se o santo bispo Máximo em paramos desertos, quando da perseguição de Décio, em 250. Os perseguidores saíram, então, no encalço de São Félix, que Máximo ordenara sucessivamente leitor, exorcista, finalmente sacerdote, e que destinava para seu sucessor. Preso, foi Félix carregado de correntes. O chão cobriram-no de cacos para que não pudesse repousar. Entretanto, o bispo Máximo, na montanha deserta para a qual se havia retirado, estava prestes a morrer de fome e frio, deitado no chão sobre espinhos, exposto às injúrias do ar, sem alimento, arcado pelos anos, pela tristeza e pela inquietação em prol da salvação do seu rebanho, orando noite e dia. Deus não o abandonou.
No meio da noite, surgiu um anjo na prisão de Félix e, com a voz e o esplendor da luz, o despertou. A principio julgou Félix que se tratava de um sonho, e dizia que as correntes, as portas e os guardas o impediam de o seguir. Ordenou-lhe o anjo que se levantasse; os ferros caem-lhe das mãos, do pescoço e dos pés, as portas abrem-se, os guardas continuam a dormir; Félix sai e, por caminhos desconhecidos, chega ao lugar onde se achava o santo ancião Máximo, prestes a dar o derradeiro suspiro. Reconhecendo-o, abraça-o e beija-o, mas encontra-o frio. sem voz, sem pulso, sem movimento. Restava-lhe apenas alguma respiração. A primeira coisa a fazer era dar-lhe alguma comida. Félix procura, roga, e percebe, finalmente, acima da cabeça um cacho de uvas; pega-o, aproxima-o da boca do ancião moribundo, que já tinha os dentes apertados e nada mais ouvia. Afasta-lhe os lábios ressequidos, aperta a baga e faz deslizar o suco. O enfermo readquire um pouco de força, volta-lhe a palavra, reconhece Félix e diz-lhe: "Vindes muito tarde; há muito que Deus me havia prometido o vosso auxílio. O estado em que me achais bem evidencia que não fugi por medo à morte; o que fiz foi desconfiar da fraqueza do corpo. Por favor, levai-me ao meu Félix põe-no aos ombros e leva-o". O bispo vivia pobremente, e como criadagem tinha apenas uma velha.
O próprio Félix, após receber a bênção de Máximo, que lhe colocou sobre a cabeça a mão, ficou oculto durante algum tempo em sua casa. Legara-lhe o pai grandes haveres, mas ele distribuíra a maior parte aos pobres. Tendo-se aliviado um pouco a perseguição, mostrou-se ao povo fiel, a quem instruía pelas palavras e mais ainda pelo exemplo do que havia sofrido. Os pagãos não conseguiram suportá-lo muito tempo. Foram na casa e, sabendo que fora para a cidade, onde ensinava os cristãos, para lá acudiram empunhando espadas. Mas ou porque Deus os cegasse, ou porque alterasse o rosto do santo, não lograram os pagãos reconhecê-lo. Ao próprio Félix perguntaram onde estava. Ele, percebendo naquilo a mão de Deus, disse-lhes, rindo, que desconhecia inteiramente o tal Félix que andavam procurando. Os perseguidores retiraram-se para outra banda e continuavam sempre a perguntar pelo paradeiro de Félix, quando alguém lhes afirmou que se tratava da mesma pessoa à qual tinham dirigido a palavra pouco antes. Imediatamente refizeram o caminho. Mas o santo, advertido pela bulha do povo, ocultou-se num casebre que dava para a praça. Estando aberta como estava teria sido agarrado, se no momento não tivesse feito a sua teia uma aranha, fechando a abertura das ruínas. Os perseguidores acharam que seria loucura supor que um homem tivesse podido passar por lá sem romper a teia, e, certos de que tinham sido objeto de chacota, afastaram-se. Quando sobreveio a noite, Félix rumou para um bairro mais distante, onde, sendo conduzido por Deus, descobriu uma velha cisterna quase seca, numa estreita abertura entre duas casas. Lá se acomodou e lá viveu, ao que dizem, seis meses. Numa das casas vizinhas, havia uma santa mulher que o alimentou durante todo o tempo, sem o saber, pois quando amassava pão ou cozia carne, ia pô-los no peitoril da cisterna, sem saber o que fazia, certa de que os guardava na casa, e logo se esquecendo do que fazia e por onde fora ou voltara. Deus nutriu, assim, milagrosamente o servidor, até que a paz voltasse à Igreja. Foi São Paulino, que de cônsul romano se fez bispo de Nola, quem nos contou tais atos e milagres de São Félix.
Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume I. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 31 dez. 2021.
São Felix de Nola, rogai por nós!


