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Nome: Festa das Cinco Chagas do Senhor Dia 07 de Fevereiro (Festa)
Data: 07 de Fevereiro

Celebra-se a 7 de fevereiro e tem uma longa tradição que remonta aos primórdios da nacionalidade, estando presente nas bandeiras nacionais, sendo um dos poucos, senão o mais explícito símbolo que permaneceu nos mais diversos tempos.

Originária em São Bernardo, este culto manifesta uma dimensão marcadamente cristológica no nosso país. As chagas simbolizam a totalidade da Paixão e mais ainda da ressurreição. Esta festa recorda-nos o mistério da Redenção de Cristo em nosso favor. A sua atualidade reside essencialmente nisto. É para Jesus Cristo que se dirige a nossa adoração, celebrando esta festa, para Ele que nos amou infinitamente e que nos manifestou esse amor através das suas Chagas. A popularidade desta festa era tal que levou o Papa Bento XIV a instituir esta festa litúrgica para o nosso país, com Ofício e Missa próprios, como ainda hoje acontece.

S. João conta que no dia da ressurreição, ao entardecer, os discípulos tinham-se reunido em casa com as «portas fechadas com medo dos judeus» (Jo 20, 19). Estavam fechados, cheios de temor. Então, «veio Jesus, apresentou-se no meio deles e disse-lhes: – A paz esteja convosco. E dito isto mostrou-lhes as mãos e o lado» (Jo 20, 19-20). De repente, o desânimo daqueles homens transformou-se numa profunda alegria. Receberam a paz que o Senhor lhes trazia e acolheram depois o dom do Espírito Santo (Cf. Jo 20, 22).

Muitos detalhes chamam a atenção nesta cena do Evangelho. O que é que os apóstolos esperavam? Jesus apresenta-se inesperadamente diante deles e a sua presença enche-os de alegria e de paz. Conhecemos algumas das suas palavras e dos seus gestos, mas como seria o olhar que lhes dirigiu? Tinham-no abandonado. Deixaram-no sozinho. Fugiram covardemente. No entanto, o Senhor não os censura. Ele próprio o tinha anunciado. Sabia que daquela debilidade podia surgir uma profunda conversão: «Eu roguei por ti» – dizia a Pedro antes da paixão – «para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma os teus irmãos» (Lc 22, 31-32). O coração contrito dos apóstolos podia acolher agora mais plenamente o Amor que Deus lhes oferecia. De outro modo, talvez eles – e Pedro a cabeça – teriam continuado a contar demasiado com as suas próprias forças.

Por outro lado, porque é que Jesus lhes mostra as mãos e o lado? Ficou neles um rastro evidente do tormento da crucifixão. E, no entanto, a vista das chagas não os enche de dor, mas de paz; não lhes provoca rejeição, mas alegria. Pensando bem, essas marcas dos cravos e da lança são um selo do Amor de Deus. Trata-se de um detalhe cheio de sentido: Jesus quis que no seu corpo permanecessem as feridas da Paixão depois de ressuscitar para que não ficasse nenhum resquício de desconfiança e ninguém pudesse pensar que, à vista da nossa resposta tantas vezes medíocre e mesmo fria, se ia arrepender do que tinha feito. O Amor de Cristo é firme e plenamente consciente.

Além disso, para o incrédulo Tomé, as chagas serão o sinal inequívoco da Ressurreição. Jesus é o Filho de Deus, que verdadeiramente morreu e ressuscitou pelos nossos pecados. «As chagas de Jesus – ensina o Papa – são um escândalo para a fé, mas são também a comprovação da Fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado as chagas não desaparecem, permanecem, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós e são indispensáveis para crer em Deus. Não para crer que Deus existe, mas para crer que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. S. Pedro, citando Isaías, escreve aos cristãos: «As Suas feridas curaram-nos» (1P 2, 24; cf. Is 53, 5)».

A tradição espiritual encontrou nas chagas do Senhor um manancial de doçura. S. Bernardo, por exemplo, escrevia: «Através destas fissuras, posso provar mel silvestre e azeite de rochas de pedernal (cf. Dt 32, 13), quer dizer, posso saborear e ver como o Senhor é bom». Nessas feridas reconhecemos o Amor de Deus sem medida. Do seu coração trespassado brota o dom do Espírito Santo (cf. Jo 7, 36-39). Ao mesmo tempo, as feridas do Senhor são um refúgio seguro. Descobrir a profundidade dessas fendas pode abrir um novo Mediterrâneo na nossa vida interior.

«A Chaga Santíssima da mão direita do meu Senhor»

«Metei-vos nas chagas de Cristo», sugeria S. João de Ávila: «aí, diz Ele, que mora a sua pomba, que é a alma que em simplicidade o procura». «Nas Vossas chagas, escondei-me», reza uma conhecida oração. Também S. Josemaria fará seu este modo de se aproximar do Mestre, tão arraigado entre os cristãos. Assim, em 1933, anota: «Meter-me, cada dia, numa chaga do meu Jesus».

As chagas de Jesus são um recordatório perene do seu Amor, que chegou ao extremo no seu sacrifício na Cruz. Deus não se arrepende de nos amar. Por isso, a contemplação desse seu Amor é uma fonte de esperança. À vista do Ressuscitado, que conserva as marcas da sua Paixão, apercebemo-nos de que «precisamente ali, no ponto extremo da sua humilhação – que é também o ponto mais alto do amor – germinou a esperança. Se algum de vós pergunta: “Como nasce a esperança?”. “Da cruz. Olha para a cruz, olha para Cristo Crucificado e dali te chegará a esperança que já não desaparece, essa que dura até à vida eterna”». Na Cruz nasceu e renasce sempre a nossa esperança. Assim, «com Jesus cada obscuridade nossa pode ser transformada em luz, toda a derrota em vitória, toda a desilusão em esperança. Toda: sim, toda». É essa segurança que fazia exclamar a S. Paulo: «Quem nos afastará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, ou a espada? (…) Mas em todas essas coisas vencemos amplamente graças àquele que nos amou» (Rm 8, 35.37).

Ao constatar a nossa debilidade e o nosso pecado, frequentemente pode colar-se na nossa alma, de diversos modos, a tentação da desesperança. O que no momento tínhamos aceitado talvez com frivolidade ou com certa condescendência, apresenta-se de repente como um absurdo «não», uma bofetada a Deus que nos ama. Também a nossa resposta tíbia e sem vontade pode ser um motivo de desespero. Mas tudo isso não é mais do que uma série de tentações da mesma coisa que nos fez cair. Contemplar as chagas do Senhor pode ser o melhor modo de reagir: as suas chagas recordam-nos que o seu amor é «forte como a morte» (Cant 8, 16). Mais ainda, porque o seu Amor venceu a morte. Um poeta contemporâneo expressa-o de um modo tão sintético quão formoso: «Lavado pela água do lado / e dentro da ferida defendido / de tanto não que só traz nada, / de tanto tíbio sim, de tanta trégua».

Voltar a contemplar a humanidade do Senhor, ferida pelos nossos pecados, ressuscitada, pode ser para nós uma fonte de esperança. Como aos apóstolos, Jesus não nos olha com ressentimento. Não nos lança à cara os nossos pecados, as nossas debilidades, as nossas traições. Pelo contrário, reafirma-nos, porque o seu amor é verdadeiramente incondicional. Não nos diz: «Amo-te, se te portas bem», mas «Amo-te, para mim és um tesouro, e continuarás a sê-lo aconteça o que acontecer». Essa consciência, que pode nascer contemplando as feridas abertas no corpo do Senhor, encher-nos-á de alegria e de paz. Aconteça o que acontecer, podemos refugiar-nos nelas, acolhendo-nos de novo ao perdão de Deus: «Na minha vida pessoal – contava o Papa numa homilia – vi muitas vezes o rosto misericordioso de Deus, a sua paciência; vi também em muitas pessoas a determinação de entrar nas chagas de Jesus, dizendo-Lhe: “Senhor estou aqui, aceita a minha pobreza, esconde nas tuas chagas o meu pecado, lava-o com o teu sangue”. E vi sempre que Deus o fez, acolheu, consolou, lavou, amou».

Reconhecer a nossa pequenez não é uma derrota, nem uma humilhação. Poderia sê-lo, se Deus fosse alguém que quisesse dominar-nos. Mas não é. É o Amor que O move: o Amor incondicional que nos dá, e que espera que saibamos acolher.

Meter-nos nas chagas de Cristo, pelo caminho da compaixão e da contemplação, pode abrir-nos um autêntico Mediterrâneo: aprendemos assim a refugiar-nos nessas feridas de Amor, e a amar com todo o coração aqueles que nos rodeiam, começando pelos que mais o necessitam, que muitas vezes estão à beira do caminho, na nossa própria casa.

Fonte: opusdei.org (adaptado)






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