33º Domingo do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Meus pensamentos são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis e hei de escutar-vos, e de todos os lugares reconduzirei vossos cativos. (Cf. MR: Jr 29, 11. 12. 14) Sl. Favorecestes, ó Senhor, a vossa terra, libertastes os cativos de Jacó. (Cf. LH: Sl 84, 2)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de sempre nos alegrar em vosso serviço, porque só alcançaremos duradoura e plena felicidade sendo fiéis a vós, criador de todos os bens. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Ml 3, 19-20a
Leitura da Profecia de Malaquias
Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, diz o Senhor dos exércitos, tal que não lhes deixará raiz nem ramo.20aPara vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 97(98), 5-6. 7-8. 9a. 9bc (R. cf. 9)
℟. O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará.
— Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa e da cítara suave! Aclamai, com os clarins e as trombetas, ao Senhor, o nosso Rei! ℟.
— Aplauda o mar com todo ser que nele vive, o mundo inteiro e toda gente! As montanhas e os rios batam palmas e exultem de alegria. ℟.
— Exultem na presença do Senhor, pois ele vem, vem julgar a terra inteira. Julgará o universo com justiça e as nações com equidade. ℟.
Segunda Leitura — 2Ts 3, 7-12
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: 7Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. 8De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém. 9Não que não tivéssemos o direito de fazê-lo, mas queríamos apresentar-nos como exemplo a ser imitado.
10Com efeito, quando estávamos entre vós, demos esta regra: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer”.
11Ora, ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada. 12Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a estas pessoas que, trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21, 28) ℟.
Evangelho — Lc 21, 5-19
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 5algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas.
Jesus disse: 6“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”.
7Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?”
8Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”.
10E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu. 12Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé.
14Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós.
17Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
De profúndis clamávi ad te, Dómine: Dómine, exáudi oratiónem meam: de profúndis clamávi at te, Dómine. (Ps. 129, 1. 2)
Vernáculo:
Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! Das profundezas eu clamo a vós, Senhor. (Cf. LH: Sl 129, 1. 2)
Sobre as Oferendas
Nós vos pedimos, Senhor, concedei que a oferenda colocada sob vosso divino olhar nos obtenha a graça de vos servir e alcançar um dia a eternidade feliz. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Em verdade vos digo: tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes, e assim será, diz o Senhor. (Mc 11, 23. 24)
Vernáculo:
Em verdade vos digo: tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes, e assim será, diz o Senhor. (Cf. MR: Mc 11, 23. 24)
Depois da Comunhão
Alimentados, Senhor, com os dons deste sagrado mistério, nós vos pedimos humildemente que nos faça crescer na caridade a Eucaristia que vosso Filho nos mandou celebrar em sua memória. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 16/11/2025
Preparemo-nos: a Igreja será crucificada!
“O servo não é maior do que o seu senhor”: como foi o caminho de nosso divino Salvador, assim também seria o caminho de sua Igreja, ao longo dos séculos, e o de cada um de seus filhos, até o fim.
No Evangelho deste domingo (Lc 21,5-19), Jesus prevê a história da Igreja, sua Esposa. Enquanto os discípulos contemplam as maravilhas do Templo de Jerusalém, Jesus prevê-lhes um futuro não muito distante.Quando Lucas escreveu essa página, tudo o que nele está previsto já tinha acontecido. Não ficara pedra sobre pedra em Jerusalém, assolada por revoluções e insurreições políticas.São Lucas foi testemunha disso, sobretudo por meio de Paulo, cuja vida como que resumiu não só nos Atos dos Apóstolos, mas também no versículo 12 deste Evangelho: “Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”.Tudo isso já acontecera na época de Lucas, mas continuará acontecendo ao longo da história da Igreja. Tudo isso aqui está acontecendo ainda hoje.O discurso escatológico de Jesus fala do fim dos tempos, que, como nos lembra a Carta aos Hebreus (1,1), escrita dois mil anos atrás, são estes, são os nossos tempos. Os sinais dos últimos tempos estão claros na vida da Igreja há já dois mil anos. Não são “previsões” apocalípticas feitas para perturbar os corações.Mas entendamos bem o que Jesus nos está ensinando. Em primeiro lugar, lembremos como foi o caminho do nosso divino Salvador neste mundo. O mesmo caminho que vemos traçado hoje no Evangelho: “sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores”. Jesus foi levado aos tribunais, Jesus foi odiado, e acrescentou: “Odiaram a mim, odiarão também a vós”. Em seguida, Jesus foi condenado, flagelado, coroado de espinhos, obrigado a carregar a Cruz e pregado ao madeiro. Assim sofreu Ele, assim deve sofrer a Igreja. Jesus morreu e ressuscitou glorioso; também a Igreja, que em muitos lugares e de muitos modos, parece aos olhos dos homens estar à beira da morte, há de ressurgir gloriosa.Antes de Constantino, a Igreja foi perseguida cruelmente. Na África, na época de Santo Agostinho, presenciou invasões bárbaras e muçulmanas. Na Revolução Francesa, sofreu na mão dos “ilustrados”, e hoje sofre novo tipo de martírio — para usar uma expressão de Bento XVI, — o da calúnia e da perseguição midiática.A Igreja sempre foi e continuará a ser perseguida. Há cristãos agora, nesse momento mesmo, presos na China, perseguidos, mortos e torturados na Síria e na África… Por que acontece tudo isso? Porque o caminho da Igreja é o mesmo caminho de seu divino Salvador e Esposo.Esse é o caminho da Igreja, essa é a regra tanto para vida de Cristo como para a história da Igreja. Infelizmente, muitos querem um caminho mágico pelo qual se chegue ao Céu sem passar pelo mistério pascal da paixão — sofrimento, purificação e morte —, para só então alcançar a glória da ressurreição.Não é raro ouvir de um ou outro fiel: “Há pessoas que se salvam pelo caminho do martírio e da Cruz, mas nós, graças a Deus, se rezarmos bem e nos comportamos direitinho, iremos para o Céu sem sofrimento”.Nada disso. A cruz não é exceção, é a regra. Se um seguidor de Jesus, cristão fiel e amoroso, quer entrar no Céu para celebrar a glória da Santíssima Trindade, junto com os santos e anjos, então tenha isso sempre muito presente no coração: é necessário passar pela cruz.Quem pretende ir para o Céu sem ter uma cruz às costas, na melhor das hipóteses, acabará por um bom tempo no Purgatório. No mesmo evangelho de São Lucas, lemos que Jesus, enquanto caminhava com os discípulos de Emaús, lhes abriu os olhos e disse: “Era necessário que o Cristo sofresse para entrar na sua glória”. Era necessário, era uma necessidade.É verdade que, imaculado, Cristo não precisava purificar-se de nada nem sofrer para entrar em sua glória; mas precisava, enquanto Cabeça da Igreja, sofrer para que seus membros entrassem na glória. Não é possível entrar no Céu sem passar pela cruz. Alguém talvez se pergunte: “Mas Cristo já não pagou pelos nossos pecados?” Sim, pagou, e por um sacrifício mais do que suficiente, que cobre infinitamente toda e qualquer dívida que o homem possa ter para com Deus. No entanto, nós precisamos aplicá-lo à nossa vida, o que significa, entre outras coisas, configurar-se ao Senhor.Há por acaso ao menos um santo que, sem ter seguido Jesus crucificado, hoje o segue glorioso no Céu. Não, não há um sequer. Não há santo no Céu que não tenha padecido na terra. É uma lei férrea da qual não há como escapar.Olhemos, por exemplo, para os mártires dos primeiros séculos; para os monges que seguiram a Cristo crucificado na vida monástica, cheia de penitências em pleno deserto; para os missionários que atravessaram mares e oceanos, passando por tormentas, perseguições, dificuldades, enfrentando maus tempos, feras, doenças, tudo para transmitir a fé do Evangelho a outros povos.Olhemos agora para São Luís Martin, pai de Santa Teresinha. Ele ofereceu tudo o que tinha. Dos nove filhos, quatro morreram ainda crianças, depois lhe morreu a esposa, ficando ele viúvo; as outras cinco meninas que sobreviveram, ele as entregou uma por uma à vida religiosa.Quando finalmente a última delas, Celina, disse que iria fazer-se carmelita, uma lágrima correu pelo rosto daquele santo homem, que disse: “Obrigado, Senhor, porque me pedistes tudo”.Sim, Deus nos pede tudo, por isso quer nos dar a graça de lhe entregarmos tudo. O destino de cada um de nós é o único caminho possível, a paixão, morte e ressurreição.Quem nesta vida não se une a Cristo em sua paixão e morte, terá de fazê-lo mais tarde, no Purgatório. Quem não se purifica voluntariamente por amor, terá de purificar-se, querendo ou não, pela dor, pois é impossível entrar no Céu sem passar pela Páscoa.Ora, a finalidade da nossa Páscoa, isto é, do nosso sofrimento, é duplo: satisfazer a culpa pelos nossos pecados e reparar as desordens daí decorrentes. Mas, uma vez purificados, podemos ainda seguir o caminho de Cristo, carregando os fardos uns dos outros, pagando as penas de nossos irmãos para, juntos com Cristo, amarmos generosamente.Vejamos isso de mais perto. Primeiro, é necessário purificar-se dos pecados. Quando se peca, cometem-se na verdade dois atos.O primeiro deles é virar as costas para Deus. Por isso o pecado mortal merece um castigo eterno chamado Inferno.Ora, o homem por si só não pode reparar tão grave injustiça, mas precisa amparar-nos nos méritos e satisfações de Jesus crucificado, o único que, sendo Deus, nos poderia livrar da pena eterna.O segundo é voltar-se para a criatura, posta no lugar do Criador. Tal criatura pode ser o próprio pecador, pode ser o prazer da bebida ou do sexo desordenado, pode ser o dinheiro ou a fama, pode ser, numa palavra, tudo o que ocupa no coração o lugar de Deus. Também esse apego às criaturas precisa ser pago. Trata-se de uma desordem, de sorte que quem não fizer penitência neste mundo e unir-se a Jesus nos fardos do dia a dia — doenças, perseguições, cansaços etc. —, renunciando a si mesmo, quem não fizer isso pode até morrer em estado de graça, mas não irá de imediato para o Céu direto. Terá uma estadia mais ou menos larga no Purgatório. Eis a tragédia de quem se ilude com a ideia de que pode entrar no Céu sem sofrer!… É necessário entender que nós iremos passar pela paixão, morte e ressurreição. Se formos generosos, unindo nossos sofrimentos aos de Cristo, sairemos não só purificados, mas capazes de contribuir para a purificação de outros.É o que vemos na vida dos santos. São João da Cruz sofreu na mão de carmelitas calçados no cárcere de Toledo, mas ele já entrara na Sétima Morada, isto é, era uma alma purificada, que dali em diante começaria a sofrer por nós.Não, não cessaram os sofrimentos depois de alcançada a santidade. Na verdade, João da Cruz viveria ainda muitos anos perseguido, inclusive por carmelitas descalços, frutos da reforma do Carmelo que ele ajudara a realizar. Sua missão era a de rezar e sofrer pelos que o perseguiram.Também Santa Teresinha do Menino Jesus, na enfermaria do Carmelo de Lisieux, já estava na Sétima Morada, tendo-se purificado de tudo quanto lhe restara por purificar; mas ali sofria por nós. Assim é a história dos santos. Ora, se esta é a história de Jesus, condenado injustamente, flagelado, torturado, crucificado e morto, mas que ao terceiro dia ressuscitou para depois ascender aos céus, se essa — íamos dizendo — é a história de Jesus e a de seus santos, moídos por perseguições, doenças, achaques, problemas, dificuldades etc., não admira que seja também a história da Igreja.
Há teólogos demasiado otimistas — de um otimismo, aliás, sem qualquer fundamento, seja na Escritura, seja na Tradição da Igreja — para os quais a Igreja Católica, no fim dos tempos, aparecerá triunfante, como coroamento de sucessivas vitórias neste mundo.Ora, o que nos foi revelado, como se vê no Evangelho deste domingo, por exemplo, é que a Igreja, tanto no desenrolar de sua história como principalmente, no fim dos tempos, irá repisar o destino de seu divino Fundador.Noutras palavras, a Igreja será crucificada, sim, mas este castigo divino, permitido por Deus, será para os eleitos um sinal de misericórdia, ocasião para que se purifiquem e se ofereçam como hóstias vivas, amando a Deus no sofrimento e cooperando para a salvação de outras almas. Sejamos nós a última geração ou não, quer a Igreja tenha pela frente mil anos mais de história ou apenas mil dias, uma coisa é certa: a cruz é a regra, não a exceção. A história de Cristo, Cabeça da Igreja, é forçosamente a de seu Corpo.O que a Igreja padece ao longo dos séculos é, de certa forma, o mesmo que padeceu Jesus em sua época. A última geração o padecerá também, mas mais intensamente, como o desencadear último do mal. Ora, se tal é a história de Cristo e da Igreja como um todo, é por isso mesmo a minha história e a sua história. Ora, não é consolador saber que não estamos a sofrer sozinhos? Temos ao nosso lado Jesus Cristo, que sofreu conosco qual divino Cirineu, a carregar nossa cruz, dando-nos força e graça para suportá-la.Temos, além disso, uma multidão de irmãos santos que estiveram neste mundo, e outros que nele ainda estão, vivendo santamente e carregando a própria cruz.Estamos unidos aos demais membros da Igreja, fazemos parte da grande história — a única história — da Páscoa, isto é, da paixão, morte e ressurreição de Jesus, Cabeça e Corpo. Pois o destino da Igreja, em cada um de seus membros, é o destino do divino Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.Por isso não tenhamos medo nem fiquemos preocupados. Jesus o diz com toda a clareza: “Fazei o firme propósito de não premeditar”. É a palavra que lemos no original grego: “fazei o firme propósito de não premeditar”, ou seja, de não meditar com antecedência “a vossa defesa, Eu vos darei palavras tão acertadas que nenhum dos inimigos vos poderá resistir e rebater”.Há um texto paralelo ainda no Evangelho de Lucas (12,11s), no qual se diz: “Não vos preocupeis”, como Martas agitadas, “com o que vos defenderdes e o que direis, pois o Espírito Santo vos ensinará”.O Espírito Santo assiste a Igreja em sua missão e martírio, quer dizer, em seu testemunho de fidelidade a Cristo no correr dos séculos.Coragem, meus irmãos! Coragem! “Quando virdes estas coisas acontecerem, erguei vossas cabeças, porque está próxima a vossa libertação”. É a Igreja Esposa que acompanha o seu divino Esposo. Alegremo-nos, pois, porque fomos eleitos, escolhidos por Deus para membros da Esposa.
Deus abençoe você!
Santo do dia 16/11/2025
Santa Margarida da Escócia (Memória Facultativa)
Local: Edmburgo, Escócia
Data: 16 de Novembro † 1093
A rainha Margarida da Escócia nasceu na Hungria em 1046. Para serem postos a salvo de tramas de assassinato, seu pai Eduardo, com outro irmão menor, foi enviado da Inglaterra para a Hungria, sendo educado naquela corte. Eduardo lá se casou. Deste casamento nasceu Margarida, educada também na corte húngara. Serenada um pouco a situação política da Inglaterra, Eduardo com a família voltou para lá para ocupar o trono, mas o normando Guilherme, o Conquistador dele se apoderou. Após a morte de Eduardo, a viúva com seus filhos achou refúgio na corte do rei Malcolm III da Escócia. Margarida acabou se casando com o rei, tornando-se então rainha da Escócia.
A nova rainha foi uma verdadeira bênção para o marido e para o reino, pois o esposo, homem rude, embora de bons sentimentos, recebeu um benéfico influxo da convivência com a rainha, de tal modo que se transformou num dos mais amáveis, piedosos e virtuosos reis da Escócia. Promoveu enquanto pôde o bem da Igreja, edificou vários mosteiros e igrejas e distinguiu-se por grande caridade para com todos. Aos súditos, além do bom exemplo de uma vida dedicada totalmente à família, à oração e aos pobres, Margarida esforçou-se para extirpar da vida social abusos, escândalos, superstições. Deu grande apoio à formação dos sacerdotes e à reforma dos costumes.
Esposa e mãe exemplar, a memória de sua santidade ficou associada sobretudo à prática da caridade. Alimentava e servia com suas próprias mãos diariamente mais de cem pobres. Em caso de necessidade, não duvidava em vender suas joias para socorrer os necessitados.
Seus últimos dias de vida foram entristecidos pela desgraça da morte de seu marido e de seu filho no assalto ao castelo de Alnwick. Ao receber a triste notícia, elevou os olhos ao alto dizendo: "Agradeço, ó Deus, por que me dás a paciência para suportar tantas desgraças!"
Faleceu em Edimburgo no dia 16 de novembro de 1093, com 48 anos de idade. Foi canonizada em 1250, e declarada padroeira da Escócia em 1673.
O admirável em Santa Margarida da Escócia foi ter-se santificado como esposa, como mãe e como rainha. Foi uma santa que favoreceu a vida religiosa, a cultura e a educação em seu país. A Oração coleta lembra particularmente sua grande dedicação aos pobres: Ó Deus, que tornastes Santa Margarida da Escócia admirável por sua imensa caridade para com os pobres, dai-nos ser, por sua intercessão e exemplo, um reflexo da vossa bondade.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Margarida da Escócia, rogai por nós!
Santa Gertrudes (Memória Facultativa)
Local: Helfta, Alemanha
Data: 16 de Novembro † c. 1302
Santa Gertrudes é uma grande mística medieval alemã. Quase nada se sabe sobre sua vida no dia a dia, além daquilo que ela mesma deixou escrito, considerando ainda que ela não pretendia apresentar dados autobiográficos, mas apenas suas experiências religiosas e místicas.
Nascida em 1256, com 5 anos Gertrudes foi entregue pelos pais ao convento de Helfta em Eisleben, na Turíngia ou Saxônia, para ser educada. Nada se sabe sobre os pais. Ela foi educada no mosteiro onde brotou em sua alma a vocação claustral, ali permanecendo até à morte. Neste mosteiro de monjas, que seguia a regra beneditina com o acréscimo de alguns usos cistercienses, ela foi educada em todas as artes do tempo, ou seja, nas letras clássicas, canto, bordado e miniatura.
Aos 26 anos foi introduzida na vida contemplativa e mística, atraída pela espiritualidade litúrgica da regra beneditina e pela espiritualidade de São Bernardo. Entregou-se totalmente à leitura da Bíblia e dos Padres da Igreja, especialmente Santo Agostinho, São Gregório e São Bernardo, Mulher de vasta cultura, não só filosófica, mas também profana, alimentou sua vida espiritual na Liturgia, especialmente na Liturgia eucarística, na Escritura e nos Padres. Seus próprios escritos revelam com toda a clareza a influência tanto da Liturgia da Igreja como das suas leituras particulares. O conteúdo de suas visões e revelações era o conhecimento do amor de Cristo em relação aos homens. Sua espiritualidade era cristocêntrica. O amor à humanidade de Cristo levou-a a descobrir a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, sendo precursora do culto ao Coração de Jesus. Santa Gertrudes, chamada "a Grande", por causa das revelações que o Senhor lhe fez de seu Coração, antecipou-se, aos grandes Apóstolos da devoção ao Coração de Jesus, como São João Eudes e Santa Margarida Maria Alacoque.
Ela própria recolheu suas revelações num livro com o título Mensageiro do Divino Amor, que faz de Santa Gertrudes uma das maiores místicas ao lado de Santa Teresa d Ávila e de São João da Cruz. Faleceu, como num êxtase de amor, no dia 17 de novembro de 1301 ou 1302. Sem canonização formal foi inscrita no rol dos santos em 1678 e no Calendário romano em 1738. Ela é muito venerada pelos beneditinos e pelos cistercienses, sendo o mosteiro de Helfta reivindicado por ambas estas Ordens religiosas.
A Oração coleta contempla nela a morada de Deus a que todo cristão é chamado, expressando as experiências místicas da santa: Ó Deus, que preparastes para vós uma agradável morada no coração da virgem Santa Gertrudes, iluminai, por suas preces, as trevas do nosso coração, para que experimentemos em nós a alegria da vossa presença e a força da vossa graça.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Gertrudes, rogai por nós!



