SS. André Kim, Presbítero, Paulo Chóng e comp., Mártires, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta. Sl. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. (Cf. LH: Sl 33, 18 e 2)
Coleta
Ó Deus, vos dignastes multiplicar filhos adotivos no mundo inteiro e tornastes o sangue dos Santos mártires André e seus companheiros uma fecunda semente de cristãos;concedei que cada vez mais sejamos fortalecidos por seu auxílio e revigorados por seu exemplo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — 1Tm 6, 13-16
Leitura da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo
Caríssimo, 13diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu o bom testemunho da verdade perante Pôncio Pilatos, eu te ordeno: 14guarda o teu mandato íntegro e sem mancha até à manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.
15Esta manifestação será feita no tempo oportuno pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16o único que possui a imortalidade e que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno. Amém.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 99(100), 2. 3. 4. 5 (R. 2c)
℟. Com canto apresentai-vos diante do Senhor!
— Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos! ℟.
— Sabei que o Senhor, só ele, é Deus. Ele mesmo nos fez, e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho. ℟.
— Entrai por suas portas dando graças, e em seus átrios com hinos de louvor; dai-lhe graças, seu nome bendizei! ℟.
— Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente! ℟.
℣. Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração, e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Cf. Lc 8, 15) ℟.
Evangelho — Lc 8, 4-15
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 4reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola: 5“O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram.
6Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”. Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
9Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. Jesus respondeu: 10“A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam”.
11A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem.
13Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo, são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Gloriabuntur in te omnes qui diligunt nomen tuum, quoniam tu, Domine, benedices iusto: Domine, ut scuto bonae voluntatis tuae coronasti nos. (Ps. 5, 12. 13)
Vernáculo:
Mas exulte de alegria todo aquele que em vós se refugia; sob a vossa proteção se regozijem, os que amam vosso nome! Porque ao justo abençoais com vosso amor, e o protegeis como um escudo! (Cf. LH: Sl 5, 12. 13)
Sobre as Oferendas
Ó Deus todo-poderoso, olhai benigno as oferendas do vosso povo e, pela intercessão dos santos mártires coreanos, concedei que nos tornemos um agradável sacrifício para a salvação do mundo inteiro. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Se aos olhos dos homens sofreram tormentos, sua esperança era plena de vida imortal. Como ouro os provou no calor da fornalha, como grande holocausto junto a si os acolheu: no dia da Vinda terão vida nova. (Cf. Saltério: Sb 3, 4. 6)
Depois da Comunhão
Nutridos pelo alimento dos fortes, na celebração dos santos mártires, nós vos pedimos humildemente, Senhor, que seguindo fielmente a Cristo, trabalhemos na Igreja pela salvação de todos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 20/09/2025
Uma semente, três terrenos
“Ouvi a parábola do semeador: Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração”.
A parábola do semeador (cf. Mt 13, 1-9; Mc 4, 1-9; Lc 8, 4-8). — V. 1-3a. Naquele dia, isto é, por aqueles dias (não é uma determinação estrita de tempo), saiu Jesus de casa (provavelmente de Pedro, em Cafarnaum: cf. Mt 8, 14) e sentou-se à beira do lago de Genesaré. Ora, como muitas turbas se reunissem para O ouvir, subiu Ele a uma barca para dali poder pregar ao povo, disperso pelas margens do lago. E seus discursos foram uma série de parábolas; logo, não lhes contou apenas a do semeador, mas lhes propôs também outras parábolas, donde não se pode concluir, porém, que todas as parábolas que se leem em Mt 13, passim tenham sido ditas nesta ocasião.
V. 3b-9 (em S. Marcos: Ouvi!) Um semeador (ὁ σπείρων = um lavrador, agricultor etc.) saiu a semear etc. Os judeus se alimentavam sobretudo de trigo e cevada, e mais raramente de centeio. O mês mais apropriado para a semeadura, de regra, era o de novembro, no início das chuvas outonais; a colheita, por sua vez, acontecia após as chuvas de primavera, ou seja, por volta do final de abril e o início de maio.
As sementes lançadas pelo agricultor tiveram sorte diversa: a) algumas caíram ao longo do caminho e foram em parte pisoteadas (cf. S. Lucas), em parte devoradas pelas aves (pássaros e pombas); b) outras caíram em solo pedregoso (em S. Lucas: sobre as pedras), coberto de pouca terra, de modo que, logo ao raiar do sol, acabaram se secando por falta de raízes; c) outras, enfim, caíram entre os espinhos, isto é, em lugares onde se ocultavam raízes e sementes de espinhos, abrolhos, arbustos, estrepes etc., muito abundantes na Palestina; os espinhos cresceram e as sufocaram. d) Outras, porém, caíram em terra boa, isto é, bem disposta, e deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um, em função da disposição da terra e do vigor da própria semente. — Na Palestina, especialmente na Galiléia, há terrenos de extraordinária fertilidade.
Explicação da parábola (cf. Mt 13, 18-23; Mc 4, 13-20; Lc 8, 11-15). — Interrogado pelos discípulos, expõe-lhes Cristo em privado o sentido da parábola do semeador; em S. Marcos, repreende-lhes antes a falta de inteligência: “Não entendeis essa parábola? Como entendereis então todas as outras?” (Mc 4, 13), isto é, se não compreendeis esta parábola, tão fácil de entender, como haveis de perceber o sentido das mais difíceis? Alguns autores, contudo, não veem aqui uma repreensão, mas uma única (e não dupla) interrogação: “Não entendeis esta parábola. Como então haveis de interpretar as outras?”
A semente é a Palavra de Deus (Lc 8, 11), ou a palavra do Reino, isto é, sobre o Reino (em Mateus), ou simplesmente a palavra, ὁ λόγος (em S. Marcos), o que quer dizer: a pregação evangélica (a doutrina nela contida; a graça por ela infundida; a sociedade espiritual, ou seja, a Igreja por ela formada etc.). — O que semeia é Deus, Cristo, o ministro do Evangelho.
1.º óbice: negligência e preguiça espiritual. — O que foi semeado à beira do caminho (ou seja, o que recebe a semente, pois a locução “ser semeado” diz-se propriamente da semente e do campo) é aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, isto é, não a guarda profundamente no coração, não a medita, cobrindo-a, por assim dizer, com a terra do coração; e vem o Maligno (ὁ πονηρὸς: Satanás, em S. Marcos; diabo, em S. Lucas) e rouba o que foi semeado em seu coração, isto é, a memória da doutrina recebida, os afetos piedosos, as inspirações da graça. Este impedimento é atribuído a Satanás, não porque ele não cause os outros dois, mas porque deles é autor mediato, enquanto é ele quem, neste caso, muitas vezes perturba imediata e pessoalmente, com distrações e ilusões, a imaginação dos que ouvem a palavra. — É o primeiro inimigo do homem: o diabo, com suas armadilhas espirituais.
2.º óbice: inconstância. — O que caiu em terreno pedregoso (ou seja, o que recebe a semente, como antes) é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria, isto é, lhe admira a beleza, promete pô-la em prática; mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento (em S. Lucas: creem até certo tempo), isto é, sem empenho, sem meditação, mas por um impulso súbito de ânimo abraça a doutrina ou acolhe a inspiração da graça; por isso, larga mão da obra começada: “Não costuma haver, de fato, ouvintes mais inconstantes do que os que, no início, parecem ser os mais fervorosos” (Maldonado); quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, escandaliza-se e desiste logo, abandonando o caminho que vinha seguindo. — É o segundo inimigo do homem: a carne, com suas delicadezas e debilidades.
Note-se com que propriedade as tribulações são comparadas à ação do sol, que aquece e faz crescer a semente lançada em terra boa, mas resseca e queima a lançada em terra má; a tribulação, com efeito, consolida e fortalece a alma bem disposta, mas enfraquece e muitas vezes espedaça a débil e de pouca fé.
3.º óbice: a concupiscência. — O que caiu (ou seja, o que recebe a semente, como antes) no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo (μέριμνα: os cuidados, as solicitações etc.), isto é, tudo aquilo de que se ocupa o homem à margem da salvação e da virtude; a ilusão da riqueza, isto é, as riquezas falazes, que assim se chamam porque facilmente seduzem o homem, fazendo-o desviar-se do bom caminho, ou também por serem instáveis como a própria fortuna; as múltiplas cobiças (em S. Marcos) e prazeres da vida (em S. Lucas), isto é, o desejo desordenado das outras coisas, a ambição, a soberba, os atrativos da carne etc., todas essas coisas sufocam a palavra, “porque com suas importunas cogitações nos estrangulam o coração” (S. Gregório, Hom. 15, 3). — É o terceiro inimigo do mundo: o mundo, com suas solicitações e vaidades.
A espinhos são adequadamente comparados estes maus desejos, porque pungem como espinhos (isto é, perturbam e angustiam o coração com anseios quase intermináveis, e muitas vezes o cruciam com o remorso de faltas passadas), e ferirem: com quantos pecados não atormentam a alma, coberta de chagas!
O que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende, guarda-a profundamente no coração e a medita; esse produz fruto, isto é, a põe em prática. Chama-se boa não só a terra que, por natureza, é boa, mas a que é bem cultivada, arada, purgada; a natureza e a vontade humanas, com efeito, são boas por si mesmas, mas alguns, por falta de cuidado, a tornam semelhante a uma estrada batida; ou, por falta de arado, a um terreno pedregoso; ou ainda, por falta de enxada, a um campo abrolhado. — De acordo com S. Lucas, na terra boa são os que ouvem a palavra com coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela paciência, isto é, pela constância e perseverança.
E deu fruto, cem por um etc. Daí se vê que nem todos recebem, neste mundo, a mesma cópia de graças nem, no futuro, o mesmo grau de glória, pois uma é a claridade do sol, outra a claridade da lua e outra a claridade das estrelas […], assim também é a ressurreição dos mortos (1Cor 15, 41s). De resto, não se deve concluir do fato de apenas ¼ das sementes ter caído em terra boa que apenas uma quarta parte dos homens (isto é, uma ínfima minoria) há de ser salva, quando, em verdade, parece dever-se concluir justamente o contrário: com efeito, quem ousaria crer que um semeador sábio como Deus lançaria adrede a maior parte de suas graças entre os espinhos, sobre as pedras e ao longo do caminho?
Deus abençoe você!
Santo do dia 20/09/2025
Santo André Kim Taegón e Paulo Chóng Hasang e seus companheiros (Memória)
Local: Coreia
Data: 20 de Setembro † 1839-1866
A memória de Santo André Kim Taegón e de Paulo Chóng Hasang com outros cento e onze mártires, chamados "mártires coreanos", foi introduzida no Calendário Romano Universal em 1985. Eles tinham sido canonizados em 1984 pelo papa João Paulo II durante sua viagem apostólica à Coreia. São celebrados em nível de memória obrigatória em toda a Igreja, segundo o critério da universalidade, usado na reforma do Calendário romano. Os santos são os que deram testemunho de Cristo em todas as partes do mundo.
A história destes mártires é muitíssimo interessante. No início do século XVII, pelo esforço de alguns leigos, penetrou pela primeira vez a fé cristã na Coreia. Uma comunidade bem firmada e fervorosa, mesmo sem pastores, foi conduzida e animada praticamente por leigos até o ano de 1836, quando entraram clandestinamente na região os primeiros missionários, provenientes da França. Nas perseguições de 1839, 1846 e 1866, saíram dessa comunidade 103 santos mártires. Entre eles sobressaem o primeiro presbítero e ardoroso pastor de almas André Kim Taegón e o grande apóstolo leigo Paulo Chóng Hasang. Os demais são, na maioria, leigos, homens e mulheres, casados ou não, velhos, jovens e crianças, que, tendo suportado os suplícios do martírio, consagraram com o precioso sangue os ricos primórdios da Igreja coreana.
A Igreja pode colher vários ensinamentos das orações da Missa. Antes de tudo, que Deus é criador e salvador de todas as raças. Depois, que chamou à fé a muitos irmãos e irmãs na região da Coreia, fazendo-os crescer na fé e na vida cristã pelo testemunho dos mártires André, Paulo e seus companheiros. Aprendemos também que toda a Igreja é missionária, não só os presbíteros, os religiosos e as religiosas, mas também os leigos. A história dos mártires coreanos alerta toda a Igreja quanto à sua vocação missionária. A Oração sobre as oferendas realça a salvação destinada por Deus para o mundo inteiro. A Oração depois da Comunhão convida a todos que são alimentados pelo alimento dos fortes a trabalharem na Igreja pela salvação de todos. Portanto, a Igreja tem a missão não só de levar a boa-nova do Evangelho "ad gentes", mas para além de todas as fronteiras, a começar pelo próximo mais próximo que necessite da mensagem do Evangelho.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santos André Kim Taegón e Paulo Chóng Hasang e seus companheiros, rogai por nós!